26.6.23

O Fardo do Homem Branco

 Leia o poema e reflita sobre as seguintes questões:

1. Como o “homem branco” é apresentado no poema?

2. Que palavras e expressões o autor utiliza para se referir aos povos colonizados?

3. Que ideia o autor transmite ao designar o imperialismo como “o fardo do homem branco”?

4. Qual era o “fim que todos procuram” (3ª estrofe)?

5. Na sua opinião, em que ideias, crenças ou visão de mundo o poema se baseia?


I

Tomai o fardo do Homem Branco

Envia teus melhores filhos

Vão, condenem teus filhos ao exílio

Para atender as necessidades de seus cativos;

Para servir, com pesados chicotes

O povo agitador e selvagem

Seus novos-cativos, povos agressivos,

Metade demônio, metade criança.

 

II

Tomai o fardo do Homem Branco

Com paciência para suportar.

Oculte o terror ameaçador

E controle a demonstração de orgulho;

Pela palavra suave e simples,

Explicando centenas de vezes,

Busque o benefício de outrem

E trabalhe para o ganho de outrem

 

III

Tomai o fardo do Homem Branco

As guerras selvagens pela paz –

Encha a boca dos famintos,

E proclama o fim das doenças

E quando seu objetivo estiver próximo

(O fim que todos procuram)

Olha a indolência e loucura pagã

Destruindo todas suas esperanças.

 

IV

Tomai o fardo do Homem Branco

Sem a mão de ferro dos reis,

Mas, sim, servir e trabalhar

A história das coisas comuns.

Os portos que não deves entrar,

As estradas que não deves passar,

Vá, construa-as com a sua vida

E marque-as com seus mortos

 

V

Tomai o fardo do Homem Branco

E colha sua antiga recompensa

A culpa daqueles que você tornou melhor

O ódio daqueles que você guarda

O choro das multidões que você ouve

(Ah, devagar!) em direção à luz:

"Por que nos tiraste da escravidão,

Nossa amada noite egípcia?”

 

VI

Tomai o fardo do Homem Branco

Não tente impedir

Nem clame alto pela Liberdade

Para ocultar sua fadiga

Por tudo que deseja ou sussurra

Por tudo que faça ou deixa de fazer

Os povos soturnos e melancólicos

Medirão seu Deus e você.

 

Tomai o fardo do Homem Branco!

Acabaram-se seus dias de criança

O prêmio oferecido suavemente

O elogio fácil e glorioso

Venha agora, procura sua virilidade

Por todos os anos difíceis,

Frios, afiados com a sabedoria adquirida,

O reconhecimento de seus pares! (*)

Música - Fela Kuti

 


Capa do álbum Gentleman, de 1973.

Fela Kuti – Gentleman (Cavalheiro) - 1973


Tradução da letra para o português


Eu não sou cavalheiro nenhum

Eu não sou cavalheiro nenhum

Eu não sou cavalheiro nenhum oh

Eu não sou cavalheiro nenhum, nenhum oh

 

[Refrão]

Eu não sou cavalheiro nenhum!

Eu sou homem da África, original

Eu sou homem da África, original

 

 

Eles te chamam, fazem você vir cortar

Você corta pequeno, você diz que sua barriga está cheia

Você diz que é cavalheiro

Você passa fome

Você sofre

Você apaga

Eu não sou cavalheiro como esse

 

[Refrão]

 

Você segue o seu caminho, o caminho de jeje

Alguém trouxe o problema original

Você não fala, você não age

Você diz que é cavalheiro

Você sofre

Você cansa

Você apaga

Eu não sou cavalheiro como esse

 

[Refrão]

 

A África é quente, eu gosto, sou assim

Eu sei o que vestir, mas meus amigos não sabem

Ele coloca meias, ele coloca sapato

Ele coloca calça, ele coloca regata

Ele coloca calças, ele coloca camisa

Ele coloca gravata, ele coloca casaco

Ele vai se cobrir todo com chapéu

Ele é cavalheiro

Ele irá suar todo

Ele irá desmaiar e cair no chão

Ele irá cheirar a merda

Ele irá se mijar todo, ele não vai nem saber

Eu não sou cavalheiro como esse

 

[Refrão]

 

Versão original em inglês


I no be gentleman at all

I no be gentleman at all

I no be gentleman at all o

I no be gentleman at all, at all

 

[Chorus]

I no be gentleman at all o!

 I be Africa man original

I be Africa man original

 

Them call you, make you come chop

You chop small, you say you belly full

You say you be gentleman

You go hungry

You go suffer

You go quench

Me I no be gentleman like that

 

[Chorus]


You dey go your way, the jeje way

Somebody come bring original trouble

You no talk, you no act

You say you be gentleman

You go suffer

You go tire

You go quench

Me I no be gentleman like that

 

[Chorus]


Africa hot, I like am so

I know what to wear but my friends don't know

Him put him socks, him put him shoe

Him put him pant, him put him singlet

Him put him trouser, him put him shirt

Him put him tie, him put him coat

Him come cover all with him hat

Him be gentleman

Him go sweat all over

Him go faint right down

Him go smell like shit

Him go piss for body, him no go know

Me I no be gentleman like that

 

[Chorus]

1.6.23

Uma artista italiana se tornou a primeira superestrela feminina do Renascimento

Sofonisba Anguissola foi excepcional em muitos níveis: ela ganhou fama em sua vida como uma das primeiras mulheres que pintaram seu caminho para fora do âmbito doméstico e, mais tarde, para os museus de arte do mundo.

Sofonisba nasceu por volta do ano de 1532 em Cremona, norte da atual Itália, à época domínio espanhol. Seu pai encorajou todas as filhas, em número de seis, a obter um alto nível de educação e cultivar as artes. O talento de Sofonisba logo se tornou óbvio demais para ser ignorado.

Auto-retrato em miniatura de Sofonisba, de 1556. Scala, Florença, Itália.


Na Itália do século XVI, as jovens que queriam se tornar pintoras não podiam ser aprendizes em ateliês profissionais. A única esperança para as artistas femininas iniciantes era receber aulas de parentes do sexo masculino. Como seu pai não era artista, ele deu o passo inusitado de permitir que Sofonisba estudasse com o pintor Bernardino Campi quando ela tinha cerca de 14 anos.

Sofonisba estudou até o final da adolescência e início dos 20 anos com Campi e depois com Bernardino Gatti. Aos 22, conheceu Michelangelo. Impressionado com seu talento, ele se ofereceu para ajudá-la e forneceu comentários e críticas sobre seu trabalho. Em 1562, um amigo de Michelangelo escreveu ao duque de Florença, Cosimo I, anexando um dos esboços de Sofonisba, uma obra intitulada “Um menino mordido por uma lagosta”. A relação entre a jovem e o gênio idoso era conduzida por meio de cartas, supervisionadas pelo pai. Apesar das limitações de seus encontros como mulher, o efeito de seu desenho foi profundo.


"Um retrato das irmãs da artista jogando xadrez", 1555. Museu Nacional, Poznan, Polônia.

O brilho de Sofonisba chamou a atenção do governador espanhol de Milão, o duque de Sessa. Ele recomendou sua nomeação para a corte do rei espanhol Filipe II. Enquanto Sofonisba era tecnicamente a dama de companhia da rainha Isabel de Valois, ela na verdade serviu como pintora de retratos da família real.

A longa permanência de Sofonisba em Madrid foi marcada por amizades estreitas, especialmente com a rainha Isabel, que à chegada a Madrid tinha apenas 14 anos. Sua posição na corte, onde ela era altamente considerada, permitiu que ela alcançasse uma fama quase sem precedentes para uma artista feminina. As várias pensões concedidas pelo rei atestam sua alta posição no palácio.

Muitos historiadores da arte agora acreditam que algumas das obras de Sofonisba Anguissola foram erroneamente atribuídas a outros pintores – principalmente o pintor-chefe da corte, Alonso Sánchez Coello. Uma das pinturas mais famosas que podem ter sido pintadas por ela foi "Lady in a Fur Wrap". Por muitos anos a pintura foi atribuída a El Greco, o artista nascido em Creta que viveu na Espanha. Outra obra que teve sua autoria contestada é “O retrato da princesa Catalina”.


Lady in a Fur Wrap. 1575-79.


Em 1573, o rei Filipe aprovou o casamento de Sofonisba com um nobre siciliano, Fabrizio Moncada. O casal instalou-se na Sicília, mas o casamento foi interrompido pela morte de Fabrice, às mãos de piratas, em 1579. Os detalhes da vida de Sofonisba na ilha são escassos, mas parece que ela continuou trabalhando. Em 2008, pesquisadores confirmaram a descoberta de um documento que comprova a autoria de Sofonisba de uma pintura de uma Madona na igreja siciliana de Santa Maria de la Annunziata, em Paternò, a qual foi atribuída erroneamente a outro autor.

Sofonisba Anguissola viveu até os 93 anos. Morreu em 1625 em Palermo, na Sicília. Seu segundo marido gravou estas palavras em seu túmulo na igreja de San Giorgio dei Genovesi: “Para Sophonisba, uma das mulheres ilustres do mundo por sua beleza e por suas extraordinárias habilidades naturais, tão distinta em retratar a imagem humana que ninguém de seu tempo poderia igualá-la.”

 

Retirado de: https://www.nationalgeographic.com/history/history-magazine/article/this-italian-artist-became-the-first-female-renaissance-superstar acesso em 26-05-2022