18.9.25

Revolução Francesa - República

 A Marselhesa

O atual hino francês foi composto no contexto da luta contra os exércitos estrangeiros. A Marselhesa era um canto de guerra que rapidamente se tornou o hino da revolução. Seus versos refletem a tensão dominante na França em fins do século XVIII e são evidências históricas importantes para a compreensão do processo revolucionário.

O hino foi composto por Claude-Joseph Rouget de Lisle (1760-1836), oficial do exército francês, capitão de engenheiros e músico autodidata. O termo "marselhesa" surgiu por que o autor do canto comandou um grupo de marselheses (da cidade de Marselha, ao sul da França) que lutou pela defesa da França. 

Obtendo rápido sucesso, o canto chegou à Provença, no sudeste da França, e um mês depois alcançou Paris. Estudiosos consideram que o canto também foi entoado durante a tomada do Palácio de Tulherias.

Composta em 24 de abril de 1792, a música provocou um grande entusiasmo entre as camadas populares e passou a ser considerada um símbolo da própria Revolução Francesa.

Na atualidade, somente a primeira e a sexta estrofes e o refrão são cantados na França. Há diferenças entre as diversas traduções da letra.


Evidência histórica 1



Evidência histórica 2

Leia um trecho da tradução de "A Marselhesa".

Avante, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou.
Contra nós a tirania
O estandarte encarnado se eleva

Ouvis nos campos rugirem
Esses ferozes soldados?
Vêm eles até nós
Degolar nossos filhos, nossas mulheres.

Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Nossa terra do sangue impuro se saciará

[...]
Amor Sagrado pela Pátria
Conduza, sustente nossos braços vingativos.
Liberdade, liberdade querida,
Combata com os teus defensores!

Sob as nossas bandeiras, que a vitória
Chegue logo às tuas vozes viris!
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo, e a nossa glória.


Exercícios

1. Em sua opinião, que ideia o autor de "A Marselhesa" (evidência histórica 2) pretendia transmitir ao afirmar que o sangrento estandarte da tirania havia sido levantado contra a França revolucionária?

2. Qual é a mensagem da letra da música?

3. Observe a imagem na partitura de "A Marselhesa" (evidência histórica 1). Que pessoas estão retratadas no desenho?

4. A mulher representada na partitura está usando uma espécie de touca. Faça uma pesquisa na internet para descobrir o nome dessa peça e sua importância simbólica na Revolução Francesa.

Revolução Francesa - Antecedentes

 A sátira como arma revolucionária

Às vésperas da Revolução Francesa, cerca de 80% da renda dos camponeses era destinado ao pagamento de impostos, dízimos e taxas. Em Paris, um sans culotte gastava 88% dos seus rendimentos com alimentação. Sobravam 12% para as outras despesas. Essa difícil situação, que também era vivida por outros grupos do Terceiro Estado, foi denunciada em desenhos, gravuras e panfletos da época. Nestes últimos também era destacada a importância do Terceiro Estado para a economia francesa.

Em 1788, Emmanuel Joseph Sieyes (1748-1836), ou abade Sieyes, publicou um panfleto, intitulado "O que é o Terceiro Estado?". Leia o texto a seguir e observe as imagens.


Evidência histórica 1

"Que é o Terceiro Estado? Tudo. Que tem sido até agora na ordem política? Nada. Que deseja? Vir a ser alguma coisa.

O Terceiro Estado forma em todos os setores dos dezenove/vinte avos, com a diferença que ele é encarregado de tudo o que existe de verdadeiramente penoso, de todos os trabalhos que a ordem privilegiada se recusa a cumprir.

Quem, portanto, ousaria dizer que o Terceiro Estado não tem em si tudo que é necessário para formar uma nação completa? Ele é o homem forte e robusto que tem um de seus braços ainda acorrentados. Se suprimíssemos a ordem privilegiada, a nação não seria algo de menos, e sim alguma coisa mais.

Assim, que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode caminhar sem ele, tudo iria infinitamente melhor sem os outros."

SIEYES, Emmanuel Joseph. O que é o Terceiro Estado? In: FALCON, Francisco; MOURA, Gerson. A formação do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Campus, 1983, p.66.


Evidência histórica 2

Gravura anônima do século XVIII que representa a sociedade francesa do período. Na pedra, encontra-se a inscrição: "Talha, imposto, corvéia".

Evidência histórica 3

Legenda: Você deve esperar que este jogo acabe em breve.


Exercícios

1. Em sua opinião, qual a importância atribuída ao Terceiro Estado pelo autor do panfleto? (Evidência Histórica 1)
2. Observe a evidência histórica 2 e identifique de que forma o artista representou os três estados.
3. Observe a evidência histórica 3 e preste atenção nos detalhes, como as roupas. Com base nisso, você seria capaz de identificar qual Estado foi representado carregando os outros dois? Quem são os opressores e quem é o oprimido?
4. Você concorda que os artistas que elaboraram estas gravuras desejavam denunciar uma grande injustiça social? Em caso positivo, de que forma fizeram isso? Explique.
5. As tentativas de concretização do ideário de liberdade estariam relacionadas à denúncia contida nestas gravuras? 
6. Há alguma relação entre as ideias do panfleto (evidência histórica 1) e as gravuras (evidências históricas 2 e 3)? Explique.