No cerne desse aparente mistério
existia uma visão de mundo (Weltanschaug) milenar, segundo a qual os judeus
eram a fonte de todos os males – especialmente o internacionalismo, o
pacifismo, a democracia e o marxismo – e ainda responsáveis pelo advento do
cristianismo, do iluminismo e da maçonaria. Foram taxados de “agentes de
decomposição” e “degeneração racial”. Foram identificados com a fragmentação da
civilização urbana, com o ácido solvente do racionalismo crítico e com o
relaxamento da moralidade. Estariam por trás do “cosmopolitismo desenraizado”,
característico do capital internacional e da ameaça de uma revolução mundial.
Em suma, os judeus eram o Weltfeind – “o inimigo do mundo”, contra o qual o
nacional socialismo definia sua grandiosa utopia social, um Reich de mil anos.
Robert Wistrich. Hitler e o
holocausto. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p.13-14.
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