8.3.20

As conquistas dos plebeus


Somente depois de mais de dois séculos de luta entre plebeus insatisfeitos e patrícios poderosos, é que os plebeus conseguiram progressivamente obter direitos políticos iguais aos nobres. Por volta de 450 a.C., os plebeus conseguiram que as leis segundo as quais as pessoas seriam julgadas fossem registradas por escrito, numa tentativa de evitar injustiças do tempo em que as leis não eram escritas e os cônsules, sempre da nobreza de sangue, administravam a justiça como bem entendiam, conforme suas conveniências. O conjunto de normas finalmente redigidas foi chamado "A Lei das Doze Tábuas", que se tornou um dos textos fundamentais do Direito romano, uma das principais heranças romanas que chegaram até nós. [...] As Doze Tábuas não chegaram completas até nós, mas possuímos fragmentos como os seguintes: "quem tiver confessado uma dívida, terá trinta dias para pagá-la; quando um contrato é firmado, suas cláusulas são vinculantes, devendo ser cumpridas; se um patrão frauda um cliente, que seja amaldiçoado".
No processo de lutas sociais, os plebeus obtiveram outras conquistas importantes na República romana tais como a abolição da escravidão por dívidas, a criação do cargo de Tribuno da Plebe — magistrado que defenderia os plebeus com o poder de vetar medidas governamentais que prejudicassem a plebe —, reconhecimento e poderes da assembleia da plebe, possibilidade de casamentos entre nobres e plebeus, anteriormente proibidos.
As vitórias plebeias mais significativas ocorreram quando[...] vários plebeus começaram a prosperar exercendo atividades comerciais minando a hegemonia aristocrática. Uma nova distinção social estabeleceu-se lentamente, fundada principalmente na riqueza. Havia, de um lado, os romanos mais ricos, patrícios e plebeus enriquecidos e, de outro, a grande massa da plebe. As diferenças entre patrícios e plebeus ricos nunca foram totalmente abolidas, mas se formou uma nobreza monetária que englobava patrícios — nobres de sangue — e os plebeus enriquecidos, naquilo que se pode chamar de uma nobreza patrício-plebeia.

FUNARI, Pedro Paulo A. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.

1.3.20

O fim do mundo grego

A Liga de Delos - Parte I (Gregos contra Persas)


"A Liga de Delos foi criada em 478 a.C., com o intuito [...] de expulsar os persas remanescentes em terras gregas e estruturar um organismo de defesa mútuo em caso de agressões externas [...] as cidades que dispusessem de riquezas suficientes contribuiriam com embarcações e suas respectivas equipes, que serviriam à Liga durante uma parte do ano. Já as cidades menores e mais fracas pagariam diretamente por meio de um tributo em dinheiro, o ​phoros​, que era armazenado no tesouro da Ilha de Delos. A passagem da relação de manutenção de certa hegemonia ateniense [...] para uma relação de dominação não tardou a acontecer.

MOERBECK, Guilherme. Entre a religião e a política: Eurípides e a Guerra do Peloponeso. Curitiba: Editora Prismas, 2017. p. 152-153.


A Liga de Delos - Parte II

“A primeira ação mais relevante do domínio de Atenas na Liga de Delos foi feita em 454 a.C. Alegando um possível ataque fenício a Delos, o tesouro localizado na ilha foi transferido para Atenas. Não deve ser por acaso que construções como o Partenon, os depósitos e arsenais no Pireu e as muralhas que ligavam a ásty ateniense ao porto tenham sido erigidas no período de Efialtes e, sobretudo, de Péricles”.

MOERBECK, Guilherme. Entre a religião e a política: Eurípides e a Guerra do Peloponeso. Curitiba: Editora Prismas, 2017. p. 157

Guerra do Peloponeso (Gregos contra Gregos)

“Em minha opinião, a explicação mais correta [...] era a que os atenienses, tornando-se grandes e instilando medo nos espartanos, compeliram-nos à guerra; mas os motivos abertamente expressos pelos quais os dois lados quebraram a trégua e declararam guerra são os seguintes.[...] Os espartanos votaram que o tratado fora quebrado e que a guerra deveria ser declarada, não tanto por eles terem sido influenciados pelos discursos de seus aliados como por temerem o novo crescimento do poder ateniense, percebendo, como o fizeram, que grande parte dos helenos estava sob o controle de Atena”.

TUCÍDIDES. ​The Peloponnesian War​. 1,23,6 e 1,88. In: FERGUSON, John; CHISHOLM, Kitty. ​Political and social life in the great age of Athens​. London: The Open University, 1978. p. 62.  

Império Romano - Parte 6


Texto 1
“Tal processo de expansão não foi, no nosso entender, planejado. A ação imperialista romana manifestou-se através do estabelecimento de uma relação de poder obtida, inicialmente, por meio de alianças razoavelmente igualitárias, protetorados, formação de zonas de influência até a submissão total pela guerra do adversário e, anexação de seu território. Configurou-se, assim, um tipo de relacionamento entre o centro de poder decisório, as áreas integradas, semi-periferias e áreas mais longínquas, caracterizadas por diferentes níveis de submissão e exploração”.

Fonte: MENDES, Norma Musco. Império e romanização. Estratégias, dominação e colapso. UFRJ, 2007. Disponível em http://ppg.revistas.uema.br/index.php/brathair/article/viewFile/549/477 Acesso em: 17/3/2019.

 Texto 2
“Depois da breve invasão comandada por César, em 55 e 54 a.C. [à Britânia, atual Inglaterra], e apesar das renovadas ameaças de invasões, a Britânia permaneceu fora das fronteiras do Império ainda durante quase um século, até ser conquistada pelo imperador Cláudio, em 43. Pensando em termos de organização espacial, a conquista de Roma provocou um impacto muito profundo. [...] No processo de mudança da lógica do território, Roma investiu no controle e na modulação da mobilidade, isto é, da circulação de pessoas, bens e dinheiro. Para atingir este objetivo, limites, caminhos e cidades revelaram-se como peças-chave. O Império Romano não podia crescer e consolidar-se sem olhar constantemente para além de suas fronteiras, isto é, o exterior lhe era fundamental, já que a incorporação de terras e a expansão demográfica constituíam os motores que conduziram Roma ao seu lugar de proeminência no mundo mediterrâneo.

Fonte: MENDES, Norma Musco; CUNHA, Maria da; DAVIDSON, Jorge. A experiência imperialista romana: teorias e práticas, Tempo vol.9 nº 18 Niterói Jan./June 2005. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-77042005000100002 Acesso em: 17/3/2019.

Questões norteadoras
1. De que forma se deu a expansão romana?
2. Quais as estratégias empregadas por Roma na expansão?
3. Por que o exterior era fundamental para o Império?

Império Romano - Parte 5


Texto

“À expansão do poderio político seguiu-se uma penetração cultural decisiva. Os povos subjugados aceitaram, em sua grande maioria, rápida e passivamente, a língua latina. Mesmo nas cidades do norte da África, onde atualmente ficam a Argélia e o Marrocos, prevalecia, no século III, a língua latina.
Somente poucos, como, por exemplo, os bascos, conseguiram resguardar sua língua, frente à onda de romanização. Mas as línguas pré-românicas extintas não deixaram de influenciar o latim falado nas províncias romanas. Assim pode-se, ainda hoje, constatar, por exemplo no francês, vestígios da língua gaulesa extinta, língua esta falada pelos habitantes primitivos da Gália, atualmente França, antes da conquista romana”.

Fonte: FRITSCH, Theodor. O latim vulgar, esboço histórico e linguístico. Revista da USP, disponível em  http://www.revistas.usp.br/linguaeliteratura/article/view/115694/113222 
Acesso em: 18/3/2019.

Questões norteadoras

1. Como a língua latina penetrou em diversas regiões da Europa?
2. O que aconteceu com as línguas que se falavam antes do latim?

Império Romano - Parte 4


Texto

“Roma foi uma cidade que expandiu seu poder ao ponto de se tornar um grande Império, com sua territorialidade presente por séculos em boa parte da Europa Ocidental, além do norte da África e parte da Ásia. Suas táticas de territorialização iam desde o inicial domínio militar até a utilização das políticas de romanização, onde incluímos a introdução dos costumes romanos como a religião, as tradições, numa clara tentativa de transformação dos povos sob o domínio de Roma em romanos. Entre essas táticas existentes destacamos em nossos estudos a padronização da arquitetura e o planejamento urbanístico das cidades construídas ou reconstruídas por Roma”.

Fonte: FREITAS, João Carlos de Mattos. Território e territorialidade no Império Romano: a utilização do padrão urbanístico das cidades construídas enquanto tática de romanização. Revista Tamoios, v. 5, n. 2 (2009) . Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/tamoios/article/view/1004 Acesso em: 17/3/2019.




A arena de El Jem, na Tunísia, norte da África. Os romanos reproduziam a arquitetura romana nos locais conquistados, como arenas, banheiros públicos e banhos públicos. Além disso, os romanos levavam seu produtos, modo de vida, língua e cultura aos povos conquistados.


Questão norteadora
1. Quais as estratégias utilizadas pelos romanos no processo de romanização?

Império Romano - Parte 3


Moeda da segunda metade do século III a.C., caracterizando a proa [frente] de uma galera [navio de guerra romano], provavelmente um quinquereme.Fonte: Wiki Commons, disponível em 
https://en.wikipedia.org/wiki/Roman_navy#/media/File:As_Publius_Cornelius_Lentulus_Marcellinus.jpg​ Acesso em: 17/3/2019.  


Texto

“Em 256 a.C., os romanos tomaram uma decisão inédita: como sua frota marítima tinha obtido vitórias, e seguros de que haviam melhorado as técnicas de navegação, resolveram atacar a costa africana pelo norte. Reuniram uma frota de cerca de 300 navios e, segundo Políbio nos informa, o conjunto total da tropa de marinheiros era de 140 mil homens. [...]
Segundo Políbio e outros autores antigos, as batalhas foram duríssimas, mas a técnica romana de invadir os navios inimigos com os “corvus” prevaleceu. Essa guerra, considerada uma das maiores batalhas da História, terminou com clara vitória romana”.
[As Guerras Púnicas foram conflitos entre Roma e Cartago pelo controle do comércio no Mar Mediterrâneo. O conflito foi vencido por Roma, sua marinha foi fundamental nesta vitória]

Fonte: MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras, Editora Contexto. 4ª edição, 2008.

Questões norteadoras:
1. Qual foi o motivo da guerra na qual se utilizou a marinha?
2. Qual o papel da Marinha na Guerra da qual o texto fala?



Império Romano - Parte 2



Mapa das estradas romanas no ano 125 d.C. As estradas aparecem em vermelho.

Fonte: Wiki Commons, disponível em 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_romana#/media/File:Roman_Empire_125.svg
Acesso em: 17/3/2019.


Texto
“A construção de estradas foi indubitavelmente uma das grandes preocupações da civilização romana e talvez um dos seus maiores legados. A edificação destes eixos, que numa fase incipiente assentava em fins estratégico-militares, foi um fator manifestamente determinante para a romanização e desenvolvimento de redes comerciais no território que dominavam”.

Fonte: RODRIGUES, Sandra. As estradas romanas do Algarve. Universidade do Algarve, disponível
em
https://sapientia.ualg.pt/handle/10400.1/5908 Acesso em: 17/3/2019.

Questões norteadoras:
1. Qual o objetivo inicial da construção de estradas?
2. Qual foi a consequência da abertura das estradas?

Império Romano - Parte 1


Texto 1
"A história de Roma é, em muitos aspectos, a história de seus exércitos altamente bem-sucedidos. Entre o século II aC e o século I dC, Roma expandiu-se de uma cidade-estado para um império que controlava toda a bacia do Mediterrâneo. Essa conquista foi o trabalho de suas legiões".

Fonte: HistoryWorld.Org, texto do professor Gary Edward Forsythe: Professor Assistente de Línguas e Literaturas Clássicas da Universidade de Chicago. Disponível em http://history-world.org/roman_army.htm Acesso em: 17/3/2019.

Texto 2
O exército foi a instituição central do Império Romano. Foi durante a Era Augusta que o exército romano foi transformado de agente de conquista e instrumento na luta pelo domínio político para uma instituição cujo principal papel militar era a defesa contra ameaças externas e a dissuasão da agitação doméstica; seu principal papel político era garantir o status quo de um estado ordenado - um papel que ele encheu amplamente até os anos caóticos do século III d.C. quando o exército mais uma vez se tornou uma ferramenta nas mãos de dinastias aspirantes.

Fonte: Site da Universidade de Oxford, disponível em http://www.oxfordbibliographies.com/view/document/obo-9780199791279/obo9780199791279 -0123.xml Acesso em: 17/3/2019.

Texto 3
“Soldo regular, donativos ocasionais e uma recompensa fixa após o devido tempo de serviço aliviavam as durezas da vida militar, ao passo que, de outro lado, era impossível escapar às naus severa das punições por covardia ou desobediência. Os centuriões estavam autorizados a castigar com espancamento, os generais tinham o direito de punir com a morte; era uma máxima inflexível da disciplina romana que um bom soldado tinha muito mais a temer dos seus oficiais que do inimigo. Por via de tais louváveis recursos, o valor das tropas imperiais alcançou um grau de firmeza e docilidade que as paixões impetuosas e irregulares dos bárbaros jamais poderiam alcançar”.

Fonte: PIOTROWSKI, Helton Augusto; VENTURINI, Renata Lopes Biazotto. ROMA VICTOR! UM ESTUDO SOBRE O EXÉRCITO ROMANO REPUBLICANO E IMPERIAL, Universidade Estadual de Maringá, disponível em http://www.ppe.uem.br/jeam/anais/2008/pdf/c018.pdf Acesso em: 17/3/2019

Questões norteadoras
1.       Qual foi o papel do Exército na construção/consolidação do Império Romano?
2.      Qual o papel político do Exército no Império?
3.      Quais as estratégias empregadas pelo Exército para conseguir seus objetivos?