14.10.19

A Inquisição no Brasil


Apóstata que não conseguiu se livrar da condenação máxima imposta pela Inquisição - A fogueira  

[...]​ Ana Rodrigues, e algumas de suas filhas, acusadas de praticar ritos judaicos no engenho da família, em Matoim, recôncavo baiano. Cristã nova portuguesa, Ana Rodrigues chegou à Bahia em 1557, com o marido, Heitor Antunes, vários filhos e alguns parentes, na mesma nau que trouxe Mem de Sá para assumir o Governo Geral do Brasil.[...]. A família Antunes foi uma dentre os grupos de cristãos novos que vieram tentar a vida no Brasil nos primeiros tempos da colonização. Heitor Antunes já era morto na época da visitação do Santo Ofício, o que não impediu que várias pessoas o acusassem de ser verdadeiro rabino e de ser o engenho de Matoim uma espécie de sinagoga clandestina, ou “esnoga”, como se dizia à época. Embora praticamente toda a extensa família Antunes tenha sido denunciada e prestado depoimento ao visitador, a mais acusada foi a matriarca Ana Rodrigues. Octogenária em 1591, Ana pertencera à primeira geração de convertidos à força por D.Manuel, em 1497, e por certo aprendera desde criança os ritos judaicos que repetiria por décadas na Bahia. Acusada de participar de cerimônias judaicas, de guardar o sábado, de fazer orações judaicas, de seguir as interdições alimentares e os ritos funerários do judaísmo, Ana Rodrigues, algumas de suas filhas e sobrinhas, foram apontadas como judaizantes pelos próprios genros, netos e vizinhos. Diante do visitador, a velha Ana admitiu certos erros judaizantes, mas alegou que os cometera sem má-fé. Suspeita de ser judaizante, Ana Rodrigues foi julgada em Lisboa, para onde foi enviada em 1593. Contando com mais de 80 anos, voltou a Portugal enjaulada e não chegou a ouvir a sentença que a condenou à fogueira. Morreu no cárcere no mesmo ano de 1593 e em 1604 foi queimada em efígie, teve sua memória amaldiçoada, seus ossos desenterrados e queimados. Seu retrato atravessou o Atlântico e foi afixado na igreja de Matoim, para conservar viva a infâmia da condenação inquisitorial[...]”.​

(VAINFAS, R. A Inquisição e o cristão-novo no Brasil Colonial. In: P.R.Pereira. (Org.). BRASILIANA DA BIBLIOTECA NACIONAL: GUIA DAS FONTES SOBRE O BRASIL. 1 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002, v. 1, p. 143-160.)

Glossário:​ 


Herege: pessoa que crê ou sustenta com veemência um sentimento contra a Igreja católica.O herege é aquele que se nega a seguir alguns dos dogmas da igreja.
Apóstata: pessoa que abandona inteiramente a Fé Cristã, passa a pertencer a outra Religião.​​​​Cristão novo:​ adepto de outra religião que se converteu à religião católica.
Nau​: barco.
Sinagoga​: igreja dos judeus.
Efígie​: boneco, ​retrato, imagem, figura de um indivíduo.
Judaizante​: aquele que pratica atos de fé judaica.



Analise a fonte juntamente com a imagem e responda as propostas abaixo:
1. Ana Rodrigues era herege ou uma apóstata? Por qual motivo?
2. O que eram os erros judaizantes apontados?
3. Quais foram as condenações dela durante o seu julgamento em Lisboa?

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