Mapa do Reino do Congo
No reino do Congo moravam povos
agricultores que, quando convocados pelo mani
Congo (soberano), partiam em sua defesa contra inimigos de fora ou para
controlar rebeliões de aldeias que queriam se desligar do reino. Aldeias (lubatas) e cidades (banzas) pagavam tributos ao mani Congo, geralmente com o que
produziam: alimentos, tecidos de ráfia vindos do nordeste, sal vindo da costa,
cobre vindo do sudoeste e zimbos (pequenos búzios afunilados colhidos na região
de Luanda que serviam como moeda).
Os limites do reino eram traçados
pelo conjunto de aldeias que pagavam tributos ao poder central, devendo
fidelidade a ele e recebendo proteção, tanto para os assuntos deste mundo como
para os assuntos do além, pois o mani Congo também era responsável pelas boas relações
com os espíritos e ancestrais.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo:
Ática, 2006, p.38-39.
Vista pelos europeus, a monarquia
do Congo logo pareceu fraca porque não conseguia se impor perante os poderes
provinciais, considerados periféricos e dependentes. Mas o que acontecia de
fato era diferente. [...] Como nos demais pequenos Estados, em outras chefaturas
do Congo a sucessão ao trono não se fazia de modo hereditário, mas dependia da indicação,
aprovação ou eleição pelos chefes locais de linhagem. Seria muito difícil encontrar,
nessas condições, monarquias despóticas ou centralizadas, com as quais os
europeus estavam acostumados. [...] A decisão final dependia de negociações entre
os chefes de linhagens e clãs, ou da força militar colocada à disposição dos
concorrentes, sendo frequentes as rivalidades e assassinatos nos períodos de
sucessão.
Esse equilíbrio foi rompido nas primeiras
décadas do século XVI, durante o governo de Dom Afonso I [Mvemba-a-Nzinga,
1509-1540]. Tratado pelos reis portugueses como irmão, esse governante africano
tomou medidas que resultaram numa ampla modificação das formas de organização social
do Congo ao enviar jovens para serem batizados e cristianizados em Portugal,
além de solicitar a implantação do cristianismo e ao proibir o culto dos
fetiches, que representavam os ancestrais divinizados.
MACEDO, José Rivair. História da
África. São Paulo: Contexto, 2013, p.85-86.
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