Relato
1
Depoimento
concedido por Elizabeth Benley, em 1831.
“Tenho
vinte e três anos de idade e vivo em Leeds, cidade ao norte da Inglaterra.
Comecei a trabalhar na fábrica de linho do Sr. Busk quando eu tinha seis anos
de idade. Eu era uma pequena dopper [criança que tira as bobinas da
máquina quando estão cheias]
Nessa
época, eu trabalhava de cinco da manhã às nove da noite, quando havia muito o
que fazer; mas em épocas normais, o tempo era de seis da manhã às sete da
noite.
Trabalhei
na fábrica do Sr. Busk três ou quatro anos. Depois, fui para a fábrica de
Benyon. Eu tinha cerca de dez anos de idade. Trabalhava de cinco da manhã até
às oito da noite. Quando estava bem, ia até às nove.
As
crianças na fábrica de Benyon eram obrigadas a trabalhar sob a ameaça de uma
cinta. As meninas sempre tinham marcas roxas em suas peles. Se os pais se
queixavam dos excessivos maus tratos, a consequência provável era a perda do
emprego da criança. E disso os pais tinham medo”.
Patrão castigando pequeno operário. Inglaterra. Gravura de 1853.
Relato
2
Depoimento
concedido po John Wright, trabalhador em fábrica de seda, em 1833.
- Há
quanto tempo você trabalha numa fábrica de tecidos?
- Há
mais de trinta anos.
-
Você começou a trabalhar quando era uma criança?
-
Sim, entre 5 e 6 anos de idade.
-
Quantas horas por dia você trabalhava naquela época?
-
Trinta anos atrás trabalhava o mesmo que agora.
- E
quantas horas isso significa?
-
Onze horas regulares por dia e mais duas horas extras. As horas extras são
feitas depois das 6 horas da tarde, até às 8 horas da noite. A jornada de
trabalho vai das 6 horas da manhã às 6 horas da tarde, e as outras duas horas
são horas extras. Cerca de cinquenta anos atrás, começou-se a trabalhar com
horas extras.
-
Qual é o intervalo para as refeições?
- Em
nossa fábrica, temos 20 minutos para o café da manhã, às 8 horas da manhã. 1
hora para a refeição principal às 2 horas da tarde; e 20 minutos para o chá, às
5 horas da tarde.
-
Quais são os efeitos do presente sistema de trabalho sobre os empregados?
- Do
que me lembro, percebi que os efeitos são terrivelmente prejudiciais à saúde do
operário. Eu tenho visto com frequência crianças sendo levadas para as fábricas
incapazes de andar, e isso unicamente em decorrência do excesso de trabalho e
confinamento nas fábricas. [...] por causa do excesso de trabalho e do
confinamento, muitos perdem completamente o apetite, sendo tomados por um tipo
de fraqueza e cansaço que derruba até as pessoas mais fortes e reduz as forças
a pó.
Pequena carregadora de argila. Inglaterra. 1871.
Relato
3
Depoimento
concedido por David Rowland, em 1832.
-
Com que idade você começou a trabalhar em fábrica de algodão?
-
Assim que completei seis anos.
-
Que função você tinha quando entrou na fábrica?
- A
de catador.
-
Explique o que um catador tem que fazer.
- Um
catador tem que pegar a escova e varrer debaixo das engrenagens. [...] Eu
frequentemente tinha que estar debaixo das polias, e em consequência do
movimento contínuo dos maquinários, eu ficava suscetível a acidentes
constantemente. Muito frequentemente eu era obrigado a me deitar e me encolher,
para evitar ser esmagado ou pego.
-
Por quanto tempo ficou nessa função?
- Um
ano e meio a dois anos.
-
Foi para onde depois?
-
Ser fiandeiro.
-
Essa função exigia que você ficasse sempre em pé?
-
Exigia.
-
Quantas horas você trabalhava por dia?
-
Quatorze; em alguns casos, quinze ou dezesseis horas por dia.
-
Qual foi o efeito desse tipo de trabalho sobre sua saúde?
- Eu
nunca tive boa saúde depois que entrei na fábrica. Aos seis anos, eu era corado
e forte; em pouco tempo na fábrica a minha cor desapareceu, e minha aparência
era de debilidade e fraqueza.
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