Texto II
Os jovens, ao contrário do que insinua o senso comum, não são
desinteressados da participação na vida pública. O que é fato, contudo,
diagnosticado por diferentes investigações no Brasil e em outros países, são as
mutações nas formas e conteúdos da participação motivadas pelas novas
configurações sociais que interferem nas motivações e condições objetivas que
favorecem ou inibem processos de participação.
Os jovens, evidentemente não todos, mantêm a motivação para a
participação, porém, é um número reduzido que se encontra disposto a fazê-lo em
espaços tradicionais e institucionalizados e também em torno de propostas cujos
significados não dialogam com as contemporâneas condições de vivência do tempo
da juventude. Um dos traços característicos da vida juvenil, hoje, vem a ser o
maior campo de autonomia que os jovens possuem frente aos adultos e às
instituições, e a capacidade que diferentes coletivos de jovens têm demonstrado
na invenção de novos espaços-tempos de participação.
Pesquisas recentes apontam que a participação dos jovens em entidades,
associações e agremiações é de baixa intensidade e acompanha tendência
participativa do conjunto da população brasileira. O Perfil da Juventude
Brasileira (2003) aponta que, dos jovens entrevistados, apenas 15% participa de
algum tipo de grupo juvenil. Quase metade desses jovens participa de grupos
culturais, 4% deles de grupos religiosos e a participação em partidos políticos
não chegou a ser diferenciada em números relativos, ficando agregada à
categoria “outros”.
Em 2003, pesquisa de opinião encomendada pelo Observatório da Educação
da ONG Ação Educativa procurou conhecer a participação dos cidadãos brasileiros
nas instâncias e mecanismos de elaboração, monitoramento e avaliação de
políticas públicas. Chamou atenção o fato da maioria dos entrevistados (56%)
não desejar participar das práticas capazes de influenciar nas políticas
públicas. Daqueles que desejam participar, destacam-se os jovens mais
escolarizados e as pessoas de maior renda. Um número expressivo de pessoas
revelou desmotivação em participar por falta de informação (35%); neste grupo a
maior incidência é dos mais jovens, entre 16 e 24 anos, os menos escolarizados
e os de menor renda.
Disponível em: http://www.observatoriojovem.uff.br/?q=materia/formas-e-conteúdos-da-participação-de-jovens-na-vida-pública
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