Texto I
Sem os jovens, futuro da
política é sombrio
Marcos da Costa, presidente
da OAB-SP.
06/06/2018
A juventude brasileira está
inconformada com o país em que vive. Afastada dos partidos e da política, pouco
quer saber dos fundamentos da economia e do desenvolvimento, de modo geral, bem
como não lhe interessa comparar o passado com o presente, pois seu olho se
dirige ao futuro. Já fez protestos em 2013, participando de passeatas contra o
aumento das passagens de ônibus e a falta de serviços públicos de qualidade.
Foram as maiores manifestações públicas da história do Brasil desde a campanha
das Diretas Já e dos caras pintadas que levaram à renúncia do presidente
Fernando Collor.
Um
terço do eleitorado brasileiro é formado por jovens entre 16 e 33 anos, ou
seja, são mais de 45 milhões de pessoas em um universo de 144 milhões aptas a
votar em outubro. Portanto, esses jovens têm o poder de decidir as eleições
deste ano, enquanto os políticos precisam descer do pedestal e propor um
diálogo franco e honesto se pretendem atrair o seu voto. Este é o problema:
estabelecer um diálogo com quem está desiludido com a corrupção e com os velhos
e pérfidos costumes políticos.
Uma
pesquisa do Instituto Data Popular mostra bem o perfil do jovem brasileiro e
seu interesse pela política.
O
levantamento traz recados importantes à classe política, pois os jovens, a par
da crença (92%) na própria capacidade de mudar o mundo, botam fé (70%) no voto
como instrumento de transformação da nação e ainda reconhecem (80%) o papel
determinante da política no cotidiano brasileiro. Porém, fatia expressiva dos
jovens do Brasil (quase 60%) acredita que o país estaria melhor se não houvesse
partido político.
Um
petardo na democracia. Para eles, as agremiações partidárias e os governantes
não falam sua linguagem. Interessante a observação do estudo: os políticos são
analógicos, mas a juventude é digital. [...] E o discurso carrega um viés
oposicionista. Como a maioria da população brasileira, o desejo de mudança se
faz presente em 63% deles, que acreditam que o Brasil está no rumo errado.
Apesar disso, 72% consideram ter melhorado de vida. Querem mais: serviços
públicos de qualidade, maior conectividade, acessos livres à banda larga e à
tecnologia de ponta, não abrindo mão da manutenção do poder de compra, nas
palavras do autor do estudo, Renato Meirelles, do Instituto de Pesquisa
Locomotiva.
[...] O
fato é que a juventude deseja um Estado forte, com eficiência no setor privado
e serviços públicos gratuitos e de qualidade. Trata-se de uma geração que se
vale de métodos mais críticos para medir a qualidade do serviço público. [...] Encastelados
em Brasília, os políticos pouco respiram o clima do tempo, as necessidades das
ruas, o cotidiano das pessoas, o jeito de pensar da nova geração. [...] Sem sua
participação, o Brasil não pegará o bonde da história. Vamos incentivar os
jovens a participar ativamente do processo eleitoral deste ano.
Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/sem-os-jovens-futuro-da-politica-e-sombrio/
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