21.4.24

Guerra dos Farrapos

 

“Os líderes [liberais] exaltados [...] acenavam contra a opressão econômica, social e étnica. Valorizavam também o federalismo e a descentralização administrativa, englobando assim algumas oligarquias regionais. [...] Apresentaram boa dose de divergência entre os seus integrantes [..] Os exaltados, por fim, nem sempre assumiam essa denominação, sendo também chamados por outros apelidos, como jurujubas e farroupilhas”.

MOREL, Marco. O período das regências. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p.34.


A demora de quase um ano entre o início da guerra, em 20 de setembro de 1835, e a proclamação da República, em 11 de setembro de 1836, após a Batalha do Seival, levam a questionamentos sobre o caráter separatista dos farroupilhas. 

A maioria dos historiadores discutiram os aspectos políticos da Guerra, em especial se se desejava ou não a separação da província desde o início. Destacam-se as interpretações de Alfredo Varela, com as pesquisas mais sólidas e mais completas. Ele defendia o caráter separatista desde o começo do conflito. [...] Quase todos os historiadores brasileiros se opõem a essa interpretação.

LEITMAN, Spencer. Raízes socioeconômicas da Guerra dos Farrapos. Rio de Janeiro: Graal, 1979, p.9-10.


"Os primeiros textos pós-20 de setembro traziam, significativamente, saudações finais ao “jovem monarca constitucional” [Dom Pedro II, ainda menor de idade] e à “constituição reformada” [Ato Adicional de 1834], em nome da liberdade e dos rio-grandenses livres, queixando-se do “partido português” e das mudanças nos comandos propostas por Braga [Fernandes Braga, presidente da província deposto em 20 de setembro].

 

GUAZZELLI, Cesar Augusto Barcellos. O Rio Grande de São Pedro na primeira metade do século XIX: Estados-nações e regiões províncias no Rio da Prata. In: GRIJÓ, KUHN, GUAZELLI, NEUMANN (Org.). Capítulos de História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, p. 105.


“Se os revolucionários vitoriosos estivessem comprometidos com o plano do caudilho uruguaio Juan Antonio Lavalleja teriam proclamado imediatamente uma república federada ao Uruguai, Corrientes e Entre Rios, de acordo com o plano do caudilho uruguaio; no entanto permaneceram à espera da nomeação de um novo presidente pelo governo central.”.

“Os farroupilhas tentaram a federação brasileira, pois seu movimento revolucionário inicia quando já estava eleito o farroupilha padre Diogo Antônio Feijó, no cargo de regente”. O regente Feijó abandonou o programa farroupilha e as demais províncias não se manifestaram. Só havia duas soluções: depunham as armas ou continuavam lutando. A ideia de descentralização evoluiu para uma maior independência local, originando a separação da província.

“A ideia de federação estava ligada à de república, não havendo apoio das demais províncias brasileiras; os revolucionários rio-grandenses, que conheciam a federação empiricamente, extrapolaram este conceito para independência, surgindo no Rio Grande do Sul um Estado independente e soberano”.

"A ideia de federação não era em relação ao Brasil, mas sim que as províncias brasileiras adotassem a forma de governo republicana e se unissem à República Rio-Grandense. A República Juliana [Santa Catarina, 1839], por exemplo, não fazia parte do território nem do governo do Rio Grande do Sul, deveria formar também um Estado Independente. Federação não significava um grupo de províncias autônomas unidas sob um poder central, mas um grupo de Estados independentes, atendendo suas aspirações regionais"

“É certo de que Bento Gonçalves da Silva, o presidente da República, não era republicano, pois em janeiro de 1836 escrevia a Domingos José de Almeida a respeito do movimento republicano em Porto Alegre: ‘escreve a nossos inimigos que se existe esse sonhado partido republicano, que nos mostrem que nós seremos os primeiros a debelá-lo”. (carta de 16 de janeiro de 1836)

FLORES, Moacyr. Modelo político dos farrapos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1978, p.80; 113;120; 126; 137

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