Os hebreus acreditavam em um único Deus, o qual
chamavam de Javé. Dessa forma, eram monoteístas. Acreditavam que Javé os havia
escolhido para servir de exemplo à humanidade e lhes revelou sua lei por meio
da Torá (livro sagrado). Criaram diversas festas para relembrar passagens de
sua história, tais como a Páscoa (libertação do cativeiro egípcio), Shabat (dia
do descanso, lembrando que Javé criou o mundo e 6 dias e descansou no sétimo) e
Shavout (entrega da Torá a Moisés no Monte Sinai). Os hebreus eram proibidos de
representar seu Deus por meio de pintura ou escultura, pois este era grandioso
demais para caber em uma imagem.
Blog destinado às atividades com QR Code na disciplina de História no IFRS Campus Veranópolis
29.11.18
Hebreus - Sociedade
Os hebreus têm a organização social menos conhecida
dentre os povos da Antiguidade Oriental. Porém, um elemento que é certo que
predominou foi a família patriarcal e ampliada. Isto é, diferentemente das
famílias atuais, constituídas por pai, mãe e filhos, naquela sociedade o homem
chefe de família detinha controle sobre sua esposa, filhos, genros e noras,
netos e outros parentes que não tinham condições de prover seu sustento. Nas diversas
formas de organização política dos hebreus (tribos e reinos), havia ocupantes
de cargos que tinham como função resolver os conflitos entre os chefes de
família, o que indica que as famílias foram o elemento central da organização
social. Por outro lado, indica uma organização social mais igualitária em
relação a outros povos.
Hebreus - Economia
Árvore de Oliveira.
A agricultura constituiu-se na principal atividade econômica. Destaque para os cultivos de trigo, cevada, vinhas, figueiras e oliveiras, nas terras férteis do vale do Rio Jordão, fazendo uso de canais de irrigação construídos. Nas montanhas áridas, praticavam o pastoreio de ovelhas e cabras.
Imagem retirada de:
https://pixabay.com/pt/oliveira-%C3%A1rvore-id%C3%ADlio-id%C3%ADlico-1595493/
Hebreus - Organização Política
Divisão em 12 tribos após o Êxodo no Egito.
Para enfrentar seus inimigos, em 1010 a.C. unificam-se e formam uma
monarquia, a qual teve três grandes reis: Saul, Davi e Salomão. No reinado desse
último, por conta dos pesados impostos, há revoltas e a divisão do reino em
dois: Israel e Judá. Desunidos, não tiveram como enfrentar o poder do Império
Assírio, que conquistou a região entre 722 a.C. e 587 a.C.
Imagem retirada de: http://www.ead.ufrpe.br/acervo-digital-eadtec/node/353.
Hebreus - Localização e Período Temporal
Localização atual da área ocupada pelos hebreus
Imagem retirada de: http://www.ead.ufrpe.br/acervo-digital-eadtec/node/352.
China - Religião
Yin e Yang. Representações do taoísmo.
Inicialmente, os chineses eram politeístas, e cultivavam vários deuses que representavam os elementos da natureza, como o ar, o fogo, a terra e a água. Havia também deuses que protegiam as plantações, as mulheres ou as crianças, por exemplo.
No século VI a.C., surgiu o
confucionismo, um código ético criado por Confúcio, que pregava os valores da
justiça, da honestidade e da disciplina, a busca da sabedoria e o trabalho. Destaca-se
pelo uso da meditação e pelo culto aos antepassados para se alcançar o
equilíbrio interior. Logo, este foi adotado como doutrina oficial do governo
chinês.
Também surgiu o Taoísmo, criado por Lao-Tsé, que pregava que as coisas
eram compostas por elementos opostos e iguais (luz e sombra, dia e noite,
masculino e feminino), que devem estar em harmonia. Para alcançar esse fim, as
pessoas devem meditar, praticar boas ações, realizar exercícios respiratórios e
se alimentar bem.
Imagem retirada de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Yin_yang.svg
Imagem retirada de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Yin_yang.svg
China - Economia
Plantação de arroz em terraço na China.
Sua economia era baseada na agricultura, em especial do painço, uma gramínea utilizada na alimentação humana e animal, e do arroz. Para desenvolver essa atividade, os chineses construíram barragens e canais de irrigação ao longo dos rios, ampliando as áreas de cultivo para além das margens dos rios. Além disso, estabeleceram a rotação de culturas (alternação de culturas dentro de uma propriedade para descansar o solo) e a utilização dos bovinos para arar a terra. Criavam cães, porcos, bois, ovelhas e galinhas. Com o tempo, desenvolveram a criação do bicho da seda. O comércio tinha importante papel, destacando-se o comércio de produtos de seda e de artesanato.
Imagem retirada de: https://pixabay.com/pt/china-arroz-guizhou-rurais-2399376/
China - Sociedade
A sociedade estava organizada em forma de pirâmide. No topo,
estava a nobreza, que controlava as terras que eram cultivadas pelos
camponeses. Organizavam-se em clãs, ou seja, grupos de pessoas que descendiam
de um ancestral comum. Os homens cabeças de família tinham autoridade total
sobre a família. Com o surgimento do Império, o Imperador e sua família ocupará
o topo da pirâmide.
Com o desenvolvimento do comércio, surgiu e cresceu
um grupo de comerciantes abaixo da nobreza. Paralelo aos comerciantes estavam
os funcionários do Estado, que foram denominados mandarins. Estes eram
escolhidos por meio de concursos públicos, e eram da nobreza. Por último, a
grande maioria da população, os camponeses, que cultivavam as terras dos nobres
em troca de um pagamento de parte da colheita e o direito a cultivar uma
parcela para si e sua família. Além disso, serviam nas guerras e nas grandes
obras públicas.
China - Organização Política
Inicialmente, organizaram-se em aldeias às margens dos rios. Por volta de 1800 a.C., surgiram as primeiras
Cidades-Estado amuralhadas, que controlavam um território ao seu redor. Nelas, governava uma nobreza guerreira. Com o
tempo, as nobrezas das várias cidades passaram a se aliar, via casamentos,
formando alianças regionais, que logo derivaram no primeiro Estado chinês, que
controlava o centro e o leste do Rio Amarelo, por volta de 1.700 a.C.
Há a certeza da existência de ao menos 7 principados,
que começaram a disputar o poder de todo o território entre si. A unificação só
se concretizou por volta de 200 a.C., com a formação do Império Chinês. Para
proteger o Império dos invasores vindos do Norte, foi construída a Grande
Muralha, iniciada no século V a.C. e só concluída no século XVI.
China - Localização e Período Temporal
A China localiza-se no Leste da Ásia. Seu território é banhado por dois grandes rios: o Amarelo (Huang-Ho) e o Azul (Yang-Tzé). No primeiro, havia uma camada de loess, um sedimento calcário de cor amarela, que fertilizava a terra.
A partir de 7.000 a.C., na beira desses dois rios,
foram construídas as primeiras aldeias, que depois foram fortificadas. Por
volta de 1800 a.C., começaram a surgir as primeiras Cidades-Estado, que logo
formaram várias alianças, criando principados e lutando umas contra os
outras. Esse processo só terminou com a formação do Império Chinês, por volta
de 200 a.C. O Império, com várias alterações econômicas e sociais, sobreviveu
até 1910.
Mapa retirado de: Projeto Araribá: história. 6o ano, São Paulo: Moderna, 2007, p.108.
Mapa retirado de: Projeto Araribá: história. 6o ano, São Paulo: Moderna, 2007, p.108.
Índia - Religião
Shiva, deusa da destruição e regeneração.
Inicialmente, a religião estava fortemente relacionada às forças da natureza, como os ventos, o fogo e as tempestades. Os deuses eram como os humanos, que ficavam alegres e tristes. Era muito comum os sacrifícios, de animais, ou mesmo de bebidas e ouro, para o pedido de um favor. Por volta do século VIII a.C., introduziu-se a ideia de um deus total, chamado de Brahma, que contemplaria todo o universo. Outra modificação foi o surgimento de uma teoria para justificar o sistema de castas. Nessa explicação, a alma humana passaria por várias vidas e encarnações para se livrar do sofrimento e alcançar o moksha, a libertação final. Acreditavam na ideia de carma, ou seja, que havia uma lei que determinava a sucessão de nascimentos e mortes pelas quais o ser humano deveria passar. Assim, o tipo de vida que cada pessoa tem seria determinado pelas ações que praticou nas vidas anteriores, destacando-se a prática da meditação, das orações e da ioga.
Imagem retirada de: https://pixabay.com/pt/shiva-hindu-deusa-mitologia-%C3%ADndia-433080/
Índia - Economia
Para as cidades-Estado às margens do rio Indo, a economia era baseada na agricultura, com o cultivo da cevada, gergelim, ervilha, damasco e outros. Acredita-se que tenham sido os primeiros a cultivar o algodão, cujas fibras utilizavam para fazer tecidos. Para desenvolver a agricultura, construíram reservatórios de água e canais de irrigação para levar a água para além das margens dos rios. O comércio era bem desenvolvido. Acredita-se que tinham fortes ligações com a Mesopotâmia, por conta dos grandes depósitos de artesanato encontrados nas escavações arqueológicas. Destacam-se a produção de jóias em ouro, jade, turquesa e pedras semipreciosas; cerâmicas; instrumentos e armas feitos de materiais diversos, como bronze e cobre.
Com a chegada dos arianos, que ocuparam a região do rio Ganges, a leste, destaca-se a criação
de animais, atividade que exerciam na Ásia Central, com exceção das vacas, animais considerados
sagrados.
Imagem retirada de: https://www.flickr.com/photos/deivis/2160310804
Imagem retirada de: https://www.flickr.com/photos/deivis/2160310804
Índia - Sociedade
Estrutura do sistema de castas na Índia.
Para as Cidades às margens do Rio Indo, temos poucas informações de como era a sociedade. Já para as instaladas às margens do Ganges, temos a sociedade de castas, predominante na Índia até a atualidade, e constante dos seguintes grupos, em forma de pirâmide:
- Brâmanes: grupo dominante, eram os sacerdotes.
Interpretavam os Vedas, os livros do conhecimento, para estabelecer as leis,
além de ocupar altos cargos no Estado.
- Xátrias: nobreza guerreira. Era o outro grupo
dominante.
- Vaixás: comerciantes, artesãos e agricultores. Eram
obrigados a contribuir com impostos e servir na guerra.
- Sudras: servos, trabalhadores dependentes dos
xátrias. Em geral, eram os habitantes da Índia antes da chegada dos arianos.
- Intocáveis: pessoas totalmente excluídas de
direitos e consideradas impuras por terem desobedecido às leis religiosas. Não
poderiam ter relações com os outros grupos.
Não havia mobilidade social. As pessoas viviam e
morriam na casta na qual nasceram. Isso tinha justificativas religiosas.
Imagem retirada de: http://milione.net/es/el-sistema-de-castas-en-la-india/
Imagem retirada de: http://milione.net/es/el-sistema-de-castas-en-la-india/
Índia - Organização Política
Maquete representando o que poderia ter sido a cidade de Mohenjo-Daro.
Por volta de 3.000 a.C., constituíram-se várias Cidades-Estado independentes umas das outras às margens do Rio Indo, com destaque para duas: Mohenjo-Daro e Harappa. Acredita-se que tenham conhecido seu máximo desenvolvimento entre 3.000 a.C. e 2.000 a.C. Calcula-se que Harappa tenha tido entre 40 mil e 80 mil habitantes, vivendo sob grandes muralhas. Entre 2.000 a.C. e 1.900 a.C., essa região passou por uma crise ambiental e as cidades tornaram-se caóticas e desapareceram.
Ao mesmo tempo, os arianos, vindos do Mar
Cáspio, se instalaram no vale do rio Ganges, a leste, formando vários reinos
independentes entre si. Por volta de 500 a.C., havia cerca de 16 grandes reinos
independentes. Por volta de 325 a.C., o Reino de Mágada, nas margens do Ganges,
conquistou a maior parte do território indiano, formando um Império até
aproximadamente 185 a.C. A partir daí, até a chegada dos britânicos no século
XVIII, de tempos em tempos um dos reinos se erguia e se tornava Império, controlando
os demais por um determinado período, em um processo cíclico.
Foto retirada de: Projeto Araribá: história. 6o ano. São Paulo: Moderna, 2007, p.119.
Índia - Localização e Período Temporal
Por Índia aqui consideramos o território da Planície Indo-Gangética, que corresponde atualmente à Índia, o Paquistão, Bangladesh, Nepal, Butão. Localiza-se na Ásia Central, tendo ao norte as montanhas do Himalaia sendo banhada pelo Oceano Índico e pelo mar da Arábia. Essa região é banhada por dois grandes rios: o Indo e o Ganges. Inicialmente, o maior desenvolvimento foi às margens do Indo. As primeiras aldeias datam de 7.000 a.C., sendo que as primeiras Cidades se desenvolveram por volta de 3.000 a.C. A partir de 2.000 a.C., fatores climáticos levaram ao caos e ao fim dessas cidades. No vale do outro Rio, o Ganges, nessa mesma época instalaram-se os arianos, vindos da região do Mar Cáspio. Por volta de 500 a.C., havia uma série de reinos, que dominavam toda a Índia por um determinado período e depois enfraqueciam. Essa situação permaneceu até a chegada dos britânicos no século XVIII.
Mapa retirado de: Projeto Araribá: história. 6o ano. São Paulo: Moderna, 2007, p.119.
Egito - Religião
Bastet. Deusa com cabeça de gato, deusa da fertilidade e protetora das mulheres.
Os egípcios acreditavam em muitos deuses, cada um com um propósito específico. Em geral, eram representados com formas humanas ou animais, ou as duas juntas. Para o povo, tudo o que acontecia na sua vida dependia da vontade dos deuses. Por isso, era importante mantê-los contentes. Acreditavam na vida após a morte, desde que tivessem a sua alma pura. Caso isso acontecesse, a alma voltaria ao corpo para a vida eterna. Por isso, mumificavam os corpos, para preservá-los. Porém, como era um processo caro, apenas as famílias mais ricas podiam fazê-lo. Os faraós, por sua vez, construíram as pirâmides, que serviam de morada eterna.
Imagem retirada de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bastet#/media/File:Bastet.svg
Egito - Sociedade
Representação da sociedade egípcia.
A organização social estava em forma de pirâmide. No seu topo, o faraó e sua família, considerado um deus vivo, e um intermediário entre os deuses e o povo. Abaixo dele, os funcionários do faraó: o vizir, espécie de primeiro-ministro, os escribas, os sacerdotes. Mais abaixo, os artesãos e comerciantes.
Mais abaixo, a grande maioria da população, os
camponeses. Cultivavam as terras, que eram do faraó. Entregavam parte de sua
produção para o pagamento dos impostos, ficando com uma parte para seu
sustento. Nas épocas de cheia do Nilo, nas quais não trabalhavam nas terras,
eram recrutados para a construção das grandes obras públicas. Mais abaixo, os
escravos, em geral prisioneiros de guerra. Trabalhavam nas minas e pedreiras.
Retirado de: BOULOS Junior, Alfredo. História: sociedade e cidadania. 6o ano. São Paulo: FTD, 2015, p.138.
Retirado de: BOULOS Junior, Alfredo. História: sociedade e cidadania. 6o ano. São Paulo: FTD, 2015, p.138.
Egito - Economia
Camponeses na colheita do trigo
A economia egípcia baseava-se principalmente na agricultura. Os principais produtos eram o trigo, a cevada e o centeio, além de linho, algodão e o papiro, todos cultivados pelos camponeses. Aproveitavam-se das águas do Nilo, que em sua época de cheia trazia uma grande quantidade de húmus, sedimentos que fertilizavam seus solos quando as águas baixavam. Construíram grandes canais de irrigação e reservatórios para os períodos de seca. O comércio se destacava com trocas com regiões longínquas, em busca de madeira e pedras preciosas para diversas atividades.
Imagem retirada de:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Maler_der_Grabkammer_des_Menna_001.jpg
Egito - Organização Política
Mapa nomos do Egito antes da unificação.
Após o assentamento dos grupos humanos às margens do Rio Nilo, por volta de 6.000 a.C., formaram-se grandes comunidades, chamadas de nomos. Cada nomo era independente dos outros. Seu chefe tinha a função de coordenar o trabalho na agricultura, em especial as obras que aproveitassem as águas do Rio Nilo e controlassem suas águas nas épocas de cheia. Conforme a tradição egípcia, dos nomos surgiram dois grandes reinos: o do Baixo Egito (região do Delta do Nilo) e o do Alto Egito (restante do curso do Nilo). Por volta de 3.200 a.C., Menés unificou os cerca de 40 nomos no Reino do Egito e se tornou o primeiro faraó. O governo do Egito era fortemente centralizado na figura do rei, chamado de faraó. Para os egípcios, ele era um deus vivo, o filho de Rá, deus Sol. Comandava o exército e a administração. Para auxiliá-lo, havia o vizir, uma espécie de primeiro-ministro, que controlava a justiça e a cobrança de impostos, e muitos funcionários públicos. Essa organização durou, quase sem alterações, por cerca de 2.700 anos.
Egito - Localização e Período Temporal
O Egito localiza-se no Nordeste da África. Seu território é cortado de norte a sul pelo Rio Nilo, em uma extensão de mais de dois mil quilômetros. Os primeiros assentamentos humanos nas margens do rio datam de 6.000 a.C., provenientes de grupos humanos que até então viviam no que é hoje o deserto do Saara. Com o ressecamento do deserto, buscaram fontes de água que lhe permitissem viver. A partir de então formaram-se grandes comunidades, chamadas de nomos. Por volta de 3.200 a.C., conforme a tradição egípcia, o faraó Menés unificou os cerca de 40 nomos existentes no Reino do Egito. O poder dos faraós durou cerca de 2.700 anos, acabando com a conquista pela Pérsia, em 525 a.C.
Mapa retirado de: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ancient_Egypt_map-pt.svg
Mesopotâmia - Religião
Ishtar. Deusa dos Céus. Escultura no Museu Britânico, em Londres.
Imagem retirada de:
https://en.wikipedia.org/wiki/Inanna#/media/File:British_Museum_Queen_of_the_Night.jpg
Mesopotâmia - Sociedade
Representação da sociedade da Mesopotâmia.
A sociedade das cidades-Estado estava organizada em forma de pirâmide. No topo, estava o rei, denominado patesi. Logo abaixo do rei, vinham os sacerdotes, os nobres e os militares.
A seguir, os comerciantes, escribas e artesãos, que
prestavam serviços ao palácio e aos templos e eram geralmente bem remunerados.
E por fim, os camponeses. Cultivavam as terras, que
eram do Estado (diziam que era dos deuses). Ficavam com uma parte da produção
para si e sua família, e davam o resto para pagamento dos impostos aos templos
e ao Estado, e abastecer o Exército. Trabalhavam nas obras públicas nas épocas
de seca. Os escravos, em pequeno número, eram prisioneiros de guerra ou
escravos por dívidas e trabalhavam nas grandes obras.
Imagem retirada de: BOULOS Junior, Alfredo. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2015, p.118.
Imagem retirada de: BOULOS Junior, Alfredo. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2015, p.118.
Mesopotâmia - Economia
Árvore de tamareira. Muito cultivada nas terras áridas do Oriente Médio.
A economia era baseada, em primeiro lugar, na agricultura. Eram cultivados, em especial, o trigo, o centeio e a cevada. Para melhorar suas plantações e controlar as águas violentas do Tigre e do Eufrates, criaram diques, reservatórios e canais de irrigação. Nos espaços entre as plantações, cultivavam legumes e frutas, com destaque para a tâmara, fruta típica da região desértica. Além disso, criavam animais: ovelhas, porcos e bois. O artesanato era bem desenvolvido. Porém, a região era pobre em minerais e madeira. Então, se buscava em outras áreas o que era necessário, desenvolvendo fortemente o comercio com várias regiões, como o Egito e a Pérsia (Irã), trocando os minerais e a madeira que necessitavam pelo que era produzido localmente, como cereais, lã e tecidos. Facilitava o comércio a posição geográfica da região, entre a Índia, o Irã, o Egito e a Ásia Central.
Imagem retirada de: https://pixabay.com/pt/tamareira-%C3%A1rvore-phoenix-dactylifera-2213012/.
Mesopotâmia - Organização Política
Mapa da evolução dos Impérios da Mesopotâmia.
A região da Mesopotâmia se organizou politicamente em cidades-Estado independentes. Estas controlavam a zona urbana e uma considerável área agrícola a seu redor, que lhe fornecia os recursos necessários à sua sobrevivência.
As primeiras surgiram na região chamada
Suméria, no delta do Tigre, por volta de 4.000 a.C., construindo grandes
muralhas para sua defesa. Cada uma era governada por um rei, denominado de patesi, que inicialmente era eleito pela
comunidade, sendo o sacerdote do templo e líder das campanhas militares. Com o
tempo, o cargo passou a ser hereditário.
Por volta de 2.330 a.C., a cidade-Estado de Acad
derrotou militarmente as demais e passou a governar o primeiro Império da região.
Um Império era uma cidade-Estado mais forte que dominava as demais. As cidades
subordinadas deviam pagar tributos e fornecer soldados. Depois, sucederam-se os
Impérios Amorrita (Babilônico), Assírio e Caldeus (Novos Babilônicos), até a
conquista pela Pérsia em 539 a.C.
Imagem retirada de: Projeto Araribá: história. 6o ano. São Paulo: Moderna, 2007, p.79.
Mesopotâmia - Localização e período temporal
A Mesopotâmia localiza-se no que é atualmente o
Iraque. Está localizada entre dois grandes rios, o Tigre e o Eufrates, que atravessam o deserto da Arábia. Suas inundações anuais traziam sedimentos
minerais das montanhas do Cáucaso, fertilizando a terra. Por volta de 8.000
a.C. surgem as primeiras aldeias, que lentamente evoluem para Cidades-Estado
independentes, por volta de 4.000 a.C. A partir daí, surgem vários Impérios que
se sucedem no domínio da região, até a conquista da região pela Pérsia, em 539
a.C. Dessa data em diante a região sempre será parte de outro Império maior.
Mapa retirado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mesopot%C3%A2mia#/media/File:N-Mesopotamia_and_Syria_Portuguese.svg
Mapa retirado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mesopot%C3%A2mia#/media/File:N-Mesopotamia_and_Syria_Portuguese.svg
Mito judaico-cristão de criação do mundo
No princípio criou Deus o céu e a terra.
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.
E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi. E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.
E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra, e para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.
E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.
E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi. E fez Deus as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.
Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados.
E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.
Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus.
Observação: o texto não está separado conforme os versículos da Bíblia. Texto retirado de :
https://www.bibliaonline.com.br/acf
Mito inca de criação do mundo
Deus criado por si mesmo, Viracocha teria criado o Universo e tudo que nele existe, e se acreditava que ele estava em toda parte. Era considerado como o esplendor original, o Senhor, Mestre do Mundo, a divindade invisível criadora de tudo.
Viracocha saiu do Lago Titicaca para trazer ordem ao caos. Ele dividiu o Universo em três mundos: Hanan Pacha (o céu, onde viviam os deuses, representado pelo condor), Kay Pacha (o mundo daqui, a terra, representada pelo puma) e Uchu Pacha (o mundo subterrâneo, representado pela serpente).
Viracocha iniciou, então, sua obra no mundo daqui, talhando na pedra com sua respiração as figuras dos primeiros seres humanos, homens e mulheres, que se tornaram o fundamento de seu trabalho. Quando o deus colocava estas estátuas gigantes nos vários lugares que lhes correspondiam, eles ganhavam vida na escuridão. Kay Pacha, o mundo visível, estava incompleto, uma vez que Viracocha postergou a criação das coisas para se ater aos seres humanos. Apenas o claror de Titi - um puma flamejante que vivia no alto do mundo - era percebido. A raça de gigantes começou a desobedecer Viracocha, que enraivecido, lançou um dilúvio que lavou a terra e transformou os gigantes novamente em pedra (formando montanhas, morros, montes...).
Viracocha trouxe, então, a luz para o mundo, fazendo o Sol (Inti), a Lua (Mama Quilla) e as estrelas nascerem do Lago Titicaca, até cobrir toda a abóboda celeste. Depois fez novos seres humanos do barro, pintando neles roupas que distinguem cada nação e dando-lhes hábitos, línguas e canções diferentes, além de sementes que pudessem cultivar, como o milho. Depois de soprar vida em suas criações, Viracocha ordenou que saíssem das cavernas onde estavam e fossem povoar a terra. Assim, cada grupo foi para um lugar e formou um povo diferente.
Satisfeito com esses novos homens, o deus definiu o tempo ao ordenar que Sol se movesse sobre a Lua. Em seguida, foi dando vida aos animais e as plantas. Nesse caso específico, são inúmeros os relatos de que ou Viracocha teve dois filhos ou que criou dois seres especiais responsáveis por criar fauna e flora na terra: Imahmana Viracocha e Tocapo Viracocha. No entanto, é mais provável que o próprio deus ou tenha se dividido em dois ou tenha somente mudado de nome de acordo com a direção que seguiu no mundo.
Quando o sol subia para o céu, Viracocha chamou os incas e seu líder, Manco Capac, profetizando que eles seriam senhores e conquistadores de muitas nações. Ele deu a Manco Capac um cocar e um machado de batalha com insígnia e arma da realeza. Assim, ele se tornou o primeiro imperador dos incas.
Observação: os incas viveram nos atuais Peru e Bolívia entre os séculos XIV e XVI. Nesse tempo, formaram um império que se estendeu até os atuais Chile, norte da Argentina e Equador. Suas tradições incorporam costumes dos povos que viveram na região por mais de dois milênios.
Mito iorubá de criação do mundo
O grande Deus Olodumaré, o Senhor dos Céus, também conhecido como Olorum, enviou Oxalufã, orixá da paciência, para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão para saber se estava firme. Oxalufã foi avisado para fazer uma oferenda a Exu, orixá das encruzilhadas, antes de sair para cumprir sua missão. Porém, Oxalufã se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda. Exu, descontente, resolveu vingar-se de Oxalufã, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo alternativa, Oxalufã furou com o seu bastão o tronco de uma palmeira. Um líquido refrescante dela escorreu, era o vinho de palma. Ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.
Olodumaré, vendo que Oxalufã não cumpriu sua tarefa, enviou Odùdùwa, que seria considerado o orixá da criação humana, para verificar o que havia passado. Ao retornar e avisar que Oxalufã estava embriagado, Odùdùwa recebeu o direito de vir e criar o mundo, da mesma forma que Oxalufã.
Após Odùdùwa cumprir sua tarefa, os outros orixás vêm se reunir a ele, descendo dos céus graças a uma corrente. Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada a Oxalufã: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros.
Odùdùwa interveio novamente, anulou os monstros gerados por Oxalufã e criou os homens bonitos, sãos e vigorosos, que foram insufla dos com a vida por Olodumaré. Esta situação provocou uma guerra entre Odùdùwa e Oxalufã. O último foi derrotado e então Odùdùwa tornou-se o primeiro rei de Ifé.* Distribuiu seus filhos e os enviou para criar novos e vários reinos fora de Ife
Mais tarde os Orixás retornaram a Orum, o céu, deixando na terra seus conhecimentos e como deveriam ser cultuados seus toques, comidas e costumes, para que fossem cultuados pelos seus descendentes. Então o ser humano começou a fazer pedidos aos Orixás e para que cada pedido fosse atendido eles ofereciam comida em troca. Quando um Orixá recebe um pedido, ele o leva a Olodumaré e este decide se o pedido vai ou não ser atendido. Este julgamento vai ser baseado no merecimento da pessoa que fez o pedido.
* Ifé: cidade localizada na atual Nigéria.
Observação: os iorubás formavam um conjunto de povos que ocupavam a região da Costa do Golfo da Guiné, atualmente Nigéria, Benin e Togo. Seus costumes e sua religiosidade influenciaram fortemente a cultura afro-brasileira.
Mito khoisan de criação do mundo
O mito que os Khoisan têm passado de geração em geração, fala sobre Kaang, entidade tida como mestre da vida. Eles acreditam que esse deus se apresenta aos humanos na forma de vários animais diferentes, mas na maioria das vezes, em forma de louva-deus (em parte, o respeito que esse povo tem pelos animais se baseia nisso).
A lenda diz que antigamente, os humanos e animais viviam em paz e harmonia, mas eles ainda não habitavam a terra, e sim viviam debaixo da superfície. Durante esse período de paz, Kaang planejou construir muitas maravilhas no mundo da superfície e levar a criação, homens e animais, para viverem lá.
Primeiro, ele criou uma grande árvore, que possuía galhos e raízes se espalhando por toda a Terra. Depois, na base da árvore, cavou um grande túnel que ia da superfície até o mundo subterrâneo, para que as pessoas e animais viviam lá, pudessem subir.
Kaang então disse aos humanos que nunca deveriam fazer fogueiras, ou um grande mal viria sobre eles. Dito isso, ele se retirou para um lugar onde podia observar o mundo que projetou e construiu.
O sol então se pôs pela primeira vez. Os homens e animais ficaram admirados diante do belo espetáculo no céu. Mas logo essa admiração foi tomada por um profundo medo, quando a escuridão cobriu a Terra. Eles não conseguiam enxergar nada! Conforme a noite avançava, começaram a sentir frio também. E logo alguém sugeriu que fizessem uma fogueira. Em meio ao terror que sentiam do frio que se tornava cada vez mais rigoroso, esqueceram-se da ordem do deus, e logo o grande mal que Kaang havia predito se abateu sobre a Terra: os animais, apavorados pelo fogo, correram para se esconder do homem em montanhas, florestas e cavernas.
Desde então humanos e animais não foram mais capazes de se comunicar, e o medo tomou o lugar da paz. A harmonia e amizade que um dia havia entre as duas espécies, foram apagadas por uma simples fogueira.
Observação: os khoisan eram um povo caçador-coletor que ocupava parte do que é hoje a África do Sul na época da chegada dos primeiros europeus. Atualmente, sua presença está reduzida a pequenos grupos no deserto de Kalahari, nos atuais Namíbia e Botsuana. Pelos estudos de DNA, acredita-se que seja um dos mais antigos grupos humanos na Terra.
Mito celta de criação do mundo
No início, não havia tempo, deuses ou pessoas, apenas o mar e a terra. Onde o mar se reuniu a terra, uma égua branca feita de espuma do mar nasceu, chamado Eiocha.
Na terra cresceu um enorme carvalho, e, a fim de permanecer vivo, Eiocha comeu as sementes de espuma do mar daquela árvore. Conforme o tempo passou, as sementes foram transformadas em uma criança dentro dela e ela deu à luz o deus Cernunnos, o deus dos animais e da natureza. As dores do parto eram muito fortes e, em sua agonia, Eiocha rasgou um pedaço da casca da árvore de carvalho e atirou-a ao mar. O pedaço de casca afundou nas profundezas das águas, e a partir dele foram criados gigantes de profundidade.
Cernunnos se sentiu solitário e em menor número, porque havia tantos gigantes do mar e outros deuses com quem poderia compartilhar nada. Portanto, juntamente com Eiocha, eles criaram mais deuses: Maponos, o Deus da Juventude, Tauranis, o deus do trovão, Teutates, o protetor, e Epona, a deusa da fertilidade. Por muitos anos eles foram todos muito felizes juntos, crescendo na terra, mas como o tempo passou, os filhos de Eiocha tornaram-se adultos e ela começou a sentir-se triste com a sua vida na terra. Desejosa de estar de volta ao mar, Eiocha deixou a terra para retornar à sua vida como um maremoto, e ficou conhecido como Tethra, deusa das profundezas.
Com Eiocha ausente, os deuses e deusas, que precisam de alguém para adorá-los, criaram o primeiro homem e a primeira mulher a partir da casca da árvore de carvalho. Cernunnos formou mais animais da árvore: a lebre, a serpente, o corvo, o cão, o veado e o javali. Ele se tornou o deus dos animais, e criou vastas florestas do carvalho para servir de abrigo de seus filhos. Epona fez cavalos, que dedicou à sua amada mãe Eiocha. Os outros deuses tomaram ramos do carvalho: Teutates construiu um arco e flechas, Tauranis fez raios e Maponos criou uma harpa.
Os gigantes de águas profundas, no entanto, não gostavam desse paraíso onde os deuses, as pessoas, os animais e as árvores todas viviam em harmonia, e, vendo como eles eram felizes, logo tornaram-se ciumentos. Sua inveja se transformou em raiva fervente e então eles decidiram atacar os habitantes da terra pacífica e destruir seu paraíso para sempre. À medida que a batalha se desenrolava, a árvore sagrada de carvalho fornecia segurança para os deuses e deusas. Tauranis jogou raios no local onde a terra conheceu o mar, e separou o mar e a terra para sempre. Maponos dividiu o céu e jogou-o aos gigantes. Os gigantes usaram o poder das ondas para a proteção, mas Teutates era um arqueiro habilidoso tal que eles foram finalmente derrotados e expulsos de volta para o mar.
Os deuses olharam para o que restava do paraíso que haviam criado, e ficaram tristes ao ver que, na batalha feroz, quase todos os seres humanos tinham sido mortos. Epona, no entanto, com o seu amor por todas as coisas vivas, conseguiu salvar apenas um homem e uma mulher, que passaram a criar toda a vida humana na Terra.
Observação: os celtas viveram no que é atualmente a Europa Ocidental desde o primeiro milênio a.C. até a conquista romana. Conseguiram sobreviver na Irlanda após isso, fazendo com que esse país tenha grande influência de sua cultura. Essa versão do mito de criação celta era contada na parte que hoje corresponde à França, sendo no que é hoje a Irlanda a história já é bastante diferente, transformada pela relação com as outras culturas da ilha.
Mito aborígene de criação do mundo
No tempo do sonho, o mundo era completamente escuro e silencioso. Nada se movia em sua superfície. Não havia vida ou morte, sol, lua ou estrelas. Todos dormiam embaixo da Terra, junto aos ancestrais eternos. Dentro de uma caverna dormia uma bela mulher, Wuriupranili, a Mãe Sol.
Baiame, o Grande Espírito, a despertou de seu sono profundo e disse a ela para sair de sua caverna e banhar o universo com sua luz. A Mãe Sol, então, abriu os seus olhos e a escuridão desapareceu. Ela respirou e a atmosfera mudou: o ar vibrou delicadamente quando uma pequena brisa soprou.
Wuriupranili começou, então, uma longa jornada. De norte a sul, de leste a oeste, atravessou a terra que não tinha nada. Porém, o mundo tinha dentro de si a semente de todas as coisas. À medida que os raios de sol tocavam a terra, brotou grama e árvores, que cresceram até toda a terra estar coberta com vegetação.
Em cada uma das profundas cavernas, a Mãe Sol encontrou criaturas vivas, que, como ela mesma, estavam adormecidas desde o começo dos tempos.
Ela acordou os insetos para a vida em todas as suas formas e disse para eles se espalharem pelas árvores e pela grama. Após, acordou as cobras, lagartos e todos os répteis, que saíram de seus esconderijos.
À medida que as cobras se moviam ao longo do mundo elas foram formando o curso dos rios, e elas mesmas se tornaram criadoras, tal como a Mãe Sol. Dentro dos rios estavam peixes e toda forma de seres aquáticos. Então, ela chamou pelos animais, em especial os marsupiais*, e muitas outras criaturas acordaram e fizeram suas casas na terra.
A Mãe Sol disse que, de tempos em tempos, o tempo mudaria de úmido para seco e de frio para quente. Assim, foram criadas as estações do ano.
Um dia, enquanto os animais, insetos e outras criaturas estavam observando, a Mãe Sol viajou longe para o oeste, e desapareceu de vista. A escuridão se espalhou pela Terra novamente. As criaturas ficaram morrendo de medo, preocupadas. Algum tempo depois, o céu começou a brilhar ao leste e o Sol se levantou sorrindo, novamente. A Mãe Sol proveu, assim, um tempo de descanso para as criaturas, fazendo essa jornada todos os dias. Estavam criados o dia e a noite.
Tudo finalizado, os ancestrais voltaram ao Tempo do Sonho. Alguns deles se transformaram em rochas e árvores, para mostrar o caminho que fizeram.
* marsupiais: animais que carregam os seus filhotes dentro de uma bolsa colada ao corpo. Exemplo: canguru.
Observação: os aborígenes vivem no que hoje é a Austrália. Foram massacrados pela colonização britânica da ilha (séculos XVIII e XIX), mas muitos conseguiram sobreviver e hoje buscam o reconhecimento de seus direitos.
Mito indiano de criação do mundo
No início, tudo era escuridão e silêncio. O universo estava mergulhado em um grande sono, até que Brahma, o deus da Criação mudou este estado de coisas.
Primeiro, fez surgir as “águas cósmicas” e nelas depositou uma semente. Com o passar do tempo, essa semente se transformou em um ovo dourado. Brahma passou um tempo dentro desse ovo e dele emergiu em forma de divindade. Quando saiu do ovo, foi incumbido de criar o mundo e suas criaturas.
A evolução do universo acontece em 14 fases.
A primeira fase da evolução foi precedida por uma longa noite de energias radiativas e vibratórias. Não havia céu, nem terra, nem luz, nem escuridão, nada além de absoluto silêncio. Essa noite foi seguida por um amanhecer com nevoeiro, que formou um grande disco nebular e giratório, dando origem as primeiras galáxias.
Na segunda fase, começaram a se formar os objetos com a própria energia, emitindo luz como nossa estrela, o sol. Na terceira, o sol que tinha brilho próprio e grande fonte de energia, atingiu a melhor forma e temperatura para criar e manter sua família de planetas. Dessa maneira, surgiu o universo.
Depois, Brahma, a partir de si mesmo, formou uma mulher, de nome de Saraswati, que se tornou a deusa da sabedoria. Quando Brahma contemplou a maravilhosa mulher que havia saído, apaixonou-se por ela e passou a olhá-la com enorme desejo. Brahma conseguiu deter a atenção de Saraswati e disse apaixonado: “ó, meu amor, por favor, conceda-me seu carinho para que possamos nos unir e dar origem a todas as criaturas animadas, homens, deuses e demônios desse universo”. Ao ouvir tais palavras, Saraswati desceu do alto de onde se refugiava, desfez-se de sua timidez e uniu-se a Brahma.
Brahma resolveu dar à Terra habitantes que fossem criados da sua própria emanação. Assim, criou através de sua boca, seu filho mais velho, o Brâmane, que significa o sacerdote. De seu braço direito saiu Xátria, o guerreiro, do esquerdo, a esposa do guerreiro. Das suas coxas surgiram os Vaixás, do sexo masculino e feminino (agricultores e comerciantes) e de seus pés, os Sudras (mecânicos e trabalhadores). Assim, surgiram as diversas categorias sociais da Índia.
Logo após terminarem de povoar o universo com suas mais diversificadas criaturas, Brahma e Saraswati retiraram-se para um local secreto.
Observação: Esta é uma versão resumida do mito. O mito passou a ser contado na Índia com a chegada dos arianos, um povo guerreiro com origem na região do Mar Cáspio, a partir de 2.000 a.C. Serviu (e serve até hoje) para justificar as diferenças sociais existentes no país, com o sistema de castas, que, embora ilegal desde a independência, em 1947, segue vigente nos costumes do país.
Mito asteca de criação do mundo
Os astecas acreditavam que antes do presente houve quatro mundos ou eras, cada uma delas chamada de sol e cada uma delas com um tipo de habitantes.
No primeiro sol, uns gigantes poderosos, criados pelos deuses, recorriam a terra. Duas divindades, Quetzacoatl, o deus da vida, e Tezcatlipoca, o deus da Luz, filhos dos primeiros criadores, começaram a discutir. Os dois queriam iluminar a terra com sua luz e serem senhores do mundo. Deste modo, começou uma luta cósmica. Quetzacoatl golpeou Tezcatlipoca com seu bastão e o precipitou no oceano. O segundo emergiu do mar na forma de um jaguar gigantesco, e começou a devorar todos os gigantes, até acabar com todos eles.
No segundo sol, Quetzacoatl criou uma raça de humanos; mas Tezcatlipoca enviou fortes ventos que os varreram da terra. Os que sobreviveram precisaram se agarrar às árvores, transformando-se em macacos.
No terceiro sol, Quetzacoatl originou uma explosão vulcânica de tal magnitude que quase destruiu tudo com uma chuva de fogo. Para poder escapar, os sobreviventes se converteram em belas aves e mariposas.
No quarto sol, uma gigantesca inundação derrubou as montanhas e o céu se rebelou contra a terra. Os habitantes do mundo se transformaram em peixes. Um homem e uma mulher lograram sobreviver flutuando em um tronco. Graças a um milho que guardaram, puderam alimentar-se até que as águas baixassem. Quando desceram, capturaram muitos peixes e fizeram uma fogueira para assá-los. Mas a fumaça chegou ao céu e, irritado, Tezcatlipoca desceu à terra e cortou a cabeça de ambos e as colocou no extremo oposto de seu corpo, não lhes restando outra alternativa que caminhar sob os pés e mãos. Assim, surgiam os cachorros.
No quinto sol, tudo era negro e morto. Os deuses se reuniram em Teotihuacán, capital religiosa dos astecas, para discutir a quem caberia a missão de criar o mundo, tarefa que exigia que um deles teria que se jogar dentro de uma fogueira. O selecionado para esse sacrifício foi Tezcatlipoca. No momento fatídico, ele retrocede ante o fogo; mas um pequeno Deus, humilde e pobre, Nanahuatzin, se lança sem vacilar à fogueira, convertendo-se no Sol. Ao ver isto, o primeiro deus, sentindo -se com coragem, decide jogar-se transformando-se na Lua.
Ainda assim, os dois astros continuam parados e é indispensável alimentá-los para que se movam. Então outros deuses decidiram sacrificar-se e dar a "água preciosa", necessária para criar o sangue. Dessa forma, surgiram os homens atuais. E por essa razão os astecas faziam seguidamente sacrifícios humanos, para contentar os deuses que se sacrificaram para fazer surgir o ser humano.
Observação: os astecas foram um povo que viveu no atual México, entre os séculos XIV e XVI. Foram dizimados pela conquista espanhola da região.
Mito tupi-guarani de criação do mundo
No começo de tudo, quando não havia tempo ainda, havia Yamandu, o ancestral de todos os ancestrais. Num determinado dia, Yamandu, dentro de sua própria luminosidade, quis conhecer a dimensão de si mesmo. Então, por três vezes, se transformou em coruja, para ver a noite; o colibri, para ver seu comprimento; e o gavião, para ver no alto, a totalidade de si. Após contemplar toda a maravilha, pensou: “Precisamos criar mundos”.
Foi então que ele começou a cantar. De seu canto, nasceram as estrelas. Então, se recolheu dentro de si mesmo e se transformou no Grande Sol. E do ventre desse Grande Sol, nasceu Tupã. Tupã ajudou Yamandu na cantoria e na criação dos mundos. Mas um dia, Tupã sonhou com a Mãe Terra. Então, criou um cachimbo e nele a soprou. O espírito da Mãe Terra ficou vagando pelo espaço, se transformou em uma serpente luminosa e prateada. Até que ela escolheu um lugar e ali se estabeleceu, transformando-se em uma imensa tartaruga.
Algum tempo depois, Tupã foi seguindo o rastro da Mãe Terra, até encontrar o lugar onde ela adormeceu. Tupã olhou e no casco da tartaruga desenhou as futuras montanhas, vales, cachoeiras, rios. E pensou: era necessário colocar alguém para continuar a Criação.
Então, do próprio coração de Tupã, nasceu nosso primeiro ancestral: Nhandevorossu. Mas era só o espírito. Então, ele percorreu os quatro cantos da terra, em cada um deles havia alguém especial: uma palmeira, uma rocha, uma onça, que lhe ensinavam algo sobre viver na terra. Por último, era a vez de Nhandessi, a Mãe Terra. Então, ela criou um corpo de barro para que ele pudesse contemplar melhor aquela maravilha. E ele tinha um poder: o de criar coisas pelas suas palavras. Então, começou a falar vários nomes: assim, surgiram os pássaros, os peixes, os animais. Quando ele olhou para os lados, viu que estavam todos os seres criados.
Ele seguiu por muito tempo cantando e criando coisas pelo mundo. Muitas vidas nasceram, foram fazendo amizade umas com as outras e com o próprio Nhandevorossu. Até que um dia ele disse: “Agora eu me vou”. Abriu um espaço numa clareira na floresta, colocou ali o corpo que a Mãe Terra havia feito para ele e ficou somente seu espírito. Ele voou e se transformou no Sol. Esse Sol que vemos hoje é Nhanderovossu, nosso primeiro ancestral.
Observação: esta é uma versão resumida do mito. Os tupi-guaranis, antes da chegada dos portugueses, ocupavam toda a costa do atual litoral brasileiro e os vales dos grandes rios. Constituíam-se em um grande número de grupos. Cada um deles tem versões diferentes dessa história. Não sabemos especificamente de qual grupo é essa história.
Mito bantu de criação do mundo
No começo reinava a escuridão sobre a terra, que estava submersa sob as águas, então veio Bumba, deus gigante de pele branca.
Ele não se sentia bem. Na verdade não se sentia bem há milhões de anos. Estava só e não aguentava mais a solidão. E isso estava deixando ele doente. Certo dia ele teve uma cólica e vomitou o sol, e assim a luz foi espalhada pelo universo. Depois vomitou a lua e as estrelas. Assim, a noite também ganhou luz.
O calor do sol evaporou as águas e apareceram bancos de areia. Surgiu a terra. A seguir vomitou as nove criaturas da terra: o leopardo, a águia, o crocodilo, um peixe, a tartaruga, o raio (Tsé-tsé), a garça branca, um besouro e um cabrito. Depois, vomitou os primeiros seres humanos e seus três filhos: Nyonye Ngana, Chongannda y Chedi Bumba.
Então os animais e os filhos de Bumba continuaram a criação. A garça criou todas as aves, o crocodilo criou as iguanas e as serpentes; a cabra, criou todos os animais com chifres, o besouro criou todos os insetos e o peixe, todos os demais peixes. Nyonye Ngana criou as formigas brancas, mas morreu logo em seguida. Em sua homenagem, elas penetrararam profundamente na terra negra, mudando sua cor. Chongannda criou uma planta, da qual foram nascendo todas as plantas existentes. Chedi Bumba tentou criar uma coisa diferente, e dali surgiu o papagaio.
De todas as criaturas somente Tsé-tsé, o raio, criava problemas. Criou tanta confusão que Bumba o agarrou e prendeu no céu. A humanidade ficou sem o fogo, até que Bumba ensinou o homem como obter fogo das árvores.
Depois elegeu um homem para reinar sobre o povo como um deus na terra: Loko Yima, um dos homens que saíram de sua barriga. Quando finalizou a obra da criação, Bumba passou entre as aldeias e disse aos homens: "Olhem todas estas maravilhas. Tudo isso vos pertence".
Feito isto, subiu para o céu e sumiu.
Observação: este mito é um dos muitos existentes entre os povos bantu da África Central e Meridional. Este, especificamente, é do povo Kuba, que vive na atual República Democrática do Congo. A maioria dos povos bantu tem versões semelhantes, mas com algumas diferenças dessa mesma história.
Mito chinês de criação do mundo
No início, não havia nada, exceto o Dao, o vazio, a escuridão. Dentro da escuridão foi formado um ovo. O gigante Pangu nasceu nele. Ele dormiu neste grande ovo por 18 mil anos.
Quando ele acordou, estava escuro dentro do ovo. Pangu esticou os braços e as pernas, desta forma quebrando e abrindo o ovo. Surgiram duas energias: Yang e Yin. O leve e claro Yang subiu e formou o céu. Já o pesado e denso Yin desceu, transformando-se na terra.
Enquanto Pangu esteve entre o céu e a terra, dia após dia, o céu ficava mais alto, e a terra ainda mais profunda e densa. Desta maneira, Pangu se tornou mais e mais alto. Levou outros 18 mil anos até que o céu não pudesse mais se expandir e a terra não pudesse mais se aprofundar. Assim, Pangu se tornou um gigante que sustentava o céu e a terra, e desta forma o universo não iria se reverter no estado caótico de antes.
No entanto, Pangu era o único homem entre o céu e a terra. O estado do mundo mudava de acordo com o estado de suas emoções. Quando ele estava contente, o céu estava claro e quando ele estava com raiva, o tempo ficava nublado e sombrio. Seu choro trazia chuva e seu suspiro os ventos fortes. Quando ele piscava, o céu brilhava com raios, e quando roncava os trovões rugiam estrondosos.
Muitos e muitos anos se passaram, o céu se tornou extremamente alto e a terra igualmente espessa. Pangu tinha cumprido sua missão e dedicou todo o seu corpo ao universo e aos seres humanos. Sua respiração tornou-se o vento; sua voz, o trovão. Seu olho esquerdo se transformou no Sol e o direito na Lua. Seu corpo deu origem às montanhas e seu sangue formou os rios. Seus músculos deram origem à Terra. Sua barba formou os arbustos e mudas de plantas, e seus pelos formaram as florestas. Sua pele virou o chão, seus ossos os minerais e sua medula, todas as pedras preciosas. Seu suor caiu como chuva. E todas as pequenas criaturas que viviam em seu corpo, como pulgas, piolhos e pequenas bactérias, foram carregados pelo vento e deram origem a todos os dez mil seres, que se espalharam pelo mundo.
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