O mito que os Khoisan têm passado de geração em geração, fala sobre Kaang, entidade tida como mestre da vida. Eles acreditam que esse deus se apresenta aos humanos na forma de vários animais diferentes, mas na maioria das vezes, em forma de louva-deus (em parte, o respeito que esse povo tem pelos animais se baseia nisso).
A lenda diz que antigamente, os humanos e animais viviam em paz e harmonia, mas eles ainda não habitavam a terra, e sim viviam debaixo da superfície. Durante esse período de paz, Kaang planejou construir muitas maravilhas no mundo da superfície e levar a criação, homens e animais, para viverem lá.
Primeiro, ele criou uma grande árvore, que possuía galhos e raízes se espalhando por toda a Terra. Depois, na base da árvore, cavou um grande túnel que ia da superfície até o mundo subterrâneo, para que as pessoas e animais viviam lá, pudessem subir.
Kaang então disse aos humanos que nunca deveriam fazer fogueiras, ou um grande mal viria sobre eles. Dito isso, ele se retirou para um lugar onde podia observar o mundo que projetou e construiu.
O sol então se pôs pela primeira vez. Os homens e animais ficaram admirados diante do belo espetáculo no céu. Mas logo essa admiração foi tomada por um profundo medo, quando a escuridão cobriu a Terra. Eles não conseguiam enxergar nada! Conforme a noite avançava, começaram a sentir frio também. E logo alguém sugeriu que fizessem uma fogueira. Em meio ao terror que sentiam do frio que se tornava cada vez mais rigoroso, esqueceram-se da ordem do deus, e logo o grande mal que Kaang havia predito se abateu sobre a Terra: os animais, apavorados pelo fogo, correram para se esconder do homem em montanhas, florestas e cavernas.
Desde então humanos e animais não foram mais capazes de se comunicar, e o medo tomou o lugar da paz. A harmonia e amizade que um dia havia entre as duas espécies, foram apagadas por uma simples fogueira.
Observação: os khoisan eram um povo caçador-coletor que ocupava parte do que é hoje a África do Sul na época da chegada dos primeiros europeus. Atualmente, sua presença está reduzida a pequenos grupos no deserto de Kalahari, nos atuais Namíbia e Botsuana. Pelos estudos de DNA, acredita-se que seja um dos mais antigos grupos humanos na Terra.
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