Nem
Inconfidência, tampouco Conjuração. O movimento que receberia a designação de
“Inconfidência Carioca” se restringiu única e exclusivamente ao campo das
ideias. Sem nenhum planejamento prático para tomada do poder, os letrados do
Rio de Janeiro se reuniam para discutir novas e velhas ideias na Sociedade
Literária do Rio de Janeiro, fundada pelo Vice-Rei Luís de Vasconcelos e Souza
em 1786. Esta Sociedade era composta por intelectuais da colônia e da metrópole
que, utilizando as ciências humanísticas e seus autores costumavam criticar. Ali
conversavam sobre astronomia, filosofia, as novidades da Europa e religião.
Em
1790, com a saída de Luís de Vasconcelos e Souza e a chegada do Conde de
Resende para ser vice-rei, a Sociedade cessou suas atividades. Em 1794,
contudo, as reuniões voltaram a acontecer. Com o passar do tempo, os temas das
conversações passaram a ser cada vez mais filosóficos e políticos, versando
sobre a crítica da realidade colonial confrontada aos ideais de liberdade,
assim como debatiam o direito dinástico e o poder dos reis. O principal líder
da Sociedade era Manuel Inácio de Souza Alvarenga, poeta e professor de
retórica. Outro importante membro era o Dr. Mariano José Pereira da Fonseca,
bacharel em direito pela Universidade de Coimbra. O Conde de Resende fica a par
das conversas, mas acredita não ter elementos para fechar a Sociedade.
Porém,
após as denúncias de José da Silva Frade e do Frei Raimundo da Anunciação, a
Sociedade é fechada em 1794. Neste mesmo ano seus membros são presos antes de
ocorrer a Devassa. O resultado dessa Devassa foi inconsistente, pois as
acusações não passavam de críticas e censuras feitas a religiosos, conceito
sobre a inferioridade das monarquias e apreciações pouco positivas da força
portuguesa que se empenhava na campanha contra a França revolucionária. Sem
provas plausíveis e fundamentos para a condenação, os presos são soltos três
anos depois, após ordem da rainha Dona Maria I.
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