22.9.21

Inconfidência Carioca

 

Nem Inconfidência, tampouco Conjuração. O movimento que receberia a designação de “Inconfidência Carioca” se restringiu única e exclusivamente ao campo das ideias. Sem nenhum planejamento prático para tomada do poder, os letrados do Rio de Janeiro se reuniam para discutir novas e velhas ideias na Sociedade Literária do Rio de Janeiro, fundada pelo Vice-Rei Luís de Vasconcelos e Souza em 1786. Esta Sociedade era composta por intelectuais da colônia e da metrópole que, utilizando as ciências humanísticas e seus autores costumavam criticar. Ali conversavam sobre astronomia, filosofia, as novidades da Europa e religião.

Em 1790, com a saída de Luís de Vasconcelos e Souza e a chegada do Conde de Resende para ser vice-rei, a Sociedade cessou suas atividades. Em 1794, contudo, as reuniões voltaram a acontecer. Com o passar do tempo, os temas das conversações passaram a ser cada vez mais filosóficos e políticos, versando sobre a crítica da realidade colonial confrontada aos ideais de liberdade, assim como debatiam o direito dinástico e o poder dos reis. O principal líder da Sociedade era Manuel Inácio de Souza Alvarenga, poeta e professor de retórica. Outro importante membro era o Dr. Mariano José Pereira da Fonseca, bacharel em direito pela Universidade de Coimbra. O Conde de Resende fica a par das conversas, mas acredita não ter elementos para fechar a Sociedade.

Porém, após as denúncias de José da Silva Frade e do Frei Raimundo da Anunciação, a Sociedade é fechada em 1794. Neste mesmo ano seus membros são presos antes de ocorrer a Devassa. O resultado dessa Devassa foi inconsistente, pois as acusações não passavam de críticas e censuras feitas a religiosos, conceito sobre a inferioridade das monarquias e apreciações pouco positivas da força portuguesa que se empenhava na campanha contra a França revolucionária. Sem provas plausíveis e fundamentos para a condenação, os presos são soltos três anos depois, após ordem da rainha Dona Maria I.

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