22.9.21

Resistência Guaicuru

 

O território dos atuais Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, pelo Tratado de Tordesilhas, era de posse espanhola. Com a ocupação do que é hoje o Paraguai, começaram os conflitos entre os espanhóis e os guaicurus, um dos vários grupos indígenas que ocupavam a região. Os guaicurus eram caçadores e coletores e inimigos de longa data dos guaranis, frequentemente atacando suas roças em tempo de colheita. No século XVII, os guaicurus adotaram o cavalo, e seus ataques passaram a ser mais imprevisíveis.

O avanço português sobre o que é atualmente o Centro-Oeste brasileiro, especialmente por meio do desenvolvimento da atividade aurífera em Cuiabá no primeiro quartel do século XVIII, interferiu no território dominado pelos temidos guaicurus às margens do rio Paraguai. Os guaicurus lutavam para vencer: eram altamente treinados e montavam seus cavalos com grande habilidade. Nesses ataques, aliavam-se a outros grupos indígenas, como os paiaguás, que eram exímios usuários de canoas. Já em 1734 uma expedição punitiva partia para Cuiabá e outras se seguiriam, mas sem grande sucesso.

A partir de 1768, com a dissolução da aliança com os paiaguás, o Império Português começou a obter um domínio da região do curso superior do Rio Paraguai. Em 1778, foram construídos fortes onde atualmente se localizam as cidades de Corumbá e Miranda, no atual Mato Grosso do Sul. Os guaicurus eram os melhores aliados que se poderia querer por aquelas bandas. Os portugueses ofereceram mantimentos e utensílios, além de cavalos e roupas. Mas não foi sem tropeços que ocorreu a aproximação. Em 1778, os guaicurus se aproximaram do forte para comerciar e, como parte do negócio, ofereceram algumas de suas mulheres aos soldados. Enquanto os portugueses estavam entretidos com as índias, foram atacados de surpresa e 54 deles morreram.

Mas o governo português estava decidido a ter o grupo do seu lado. Em 1791, o Capitão General de Mato Grosso, João Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, assinou um tratado de paz com os guaicurus. Depois disso, eles passaram a atuar como vaqueiros para os brasileiros, mas mantiveram a sua liberdade.

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