O
território dos atuais Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, pelo Tratado de
Tordesilhas, era de posse espanhola. Com a ocupação do que é hoje o Paraguai,
começaram os conflitos entre os espanhóis e os guaicurus, um dos vários grupos
indígenas que ocupavam a região. Os guaicurus eram caçadores e coletores e
inimigos de longa data dos guaranis, frequentemente atacando suas roças em
tempo de colheita. No século XVII, os guaicurus adotaram o cavalo, e seus
ataques passaram a ser mais imprevisíveis.
O
avanço português sobre o que é atualmente o Centro-Oeste brasileiro,
especialmente por meio do desenvolvimento da atividade aurífera em Cuiabá no
primeiro quartel do século XVIII, interferiu no território dominado pelos
temidos guaicurus às margens do rio Paraguai. Os guaicurus lutavam para vencer:
eram altamente treinados e montavam seus cavalos com grande habilidade. Nesses
ataques, aliavam-se a outros grupos indígenas, como os paiaguás, que eram
exímios usuários de canoas. Já em 1734 uma expedição punitiva partia para
Cuiabá e outras se seguiriam, mas sem grande sucesso.
A partir de 1768, com a dissolução da aliança
com os paiaguás, o Império Português começou a obter um domínio da região
do curso superior do Rio Paraguai. Em 1778, foram construídos fortes onde
atualmente se localizam as cidades de Corumbá e Miranda, no atual Mato
Grosso do Sul. Os guaicurus eram os
melhores aliados que se poderia querer por aquelas bandas. Os portugueses
ofereceram mantimentos e utensílios, além de cavalos e roupas. Mas não foi sem
tropeços que ocorreu a aproximação. Em 1778, os guaicurus se aproximaram do
forte para comerciar e, como parte do negócio, ofereceram algumas de suas
mulheres aos soldados. Enquanto os portugueses estavam entretidos com as
índias, foram atacados de surpresa e 54 deles morreram.
Mas
o governo português estava decidido a ter o grupo do seu lado. Em 1791, o Capitão General de Mato
Grosso, João Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, assinou um tratado
de paz com os guaicurus. Depois disso, eles passaram a atuar como vaqueiros para os brasileiros, mas mantiveram a
sua liberdade.
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