Transcorrendo
entre junho e julho de 1720, esta revolta na Capitania de São Paulo e Minas do
Ouro trazia a marca de uma situação comum na região, onde funcionários da Coroa
portuguesa se viam obrigados, muitas vezes, a se dobrarem diante das vontades
da elite local, principalmente com relação à administração e à cobrança de
impostos. Além da resistência à arrecadação do quinto do ouro, colaboraram para
a inquietação social as reformas na organização militar (afastando oficiais e
cortando suprimentos) e a expulsão de clérigos das Minas Gerais.
A
liderança do movimento esteve dividida entre Filipe dos Santos, como cabeça do
levante e principal agitador, e outros como Pascoal da Silva Guimarães, Dr.
Manoel Mosqueira da Rosa, Frei Vicente Botelho e Frei Francisco de Monte
Alverne. Quanto aos grupos sociais, havia comerciantes, mineradores, militares,
letrados e religiosos.
O
anúncio de reformas na arrecadação do quinto, pela criação da Casa de Fundição
e Moeda, o que tornava proibido o comum método de utilização do “Ouro em pó” e
fornecia grande controle à Coroa, despertou a ira e encabeçou a lista de
reivindicações dos revoltosos. A criação da Casa de Fundição, prevista para
julho de 1720, foi antecipada sem prévio aviso para junho, atiçando as
acaloradas relações entre a população mineira e a administração.
O
primeiro alvo dos amotinados foi o Ouvidor Martinho Vieira de Freitas que sob a
acusação de estar planejando ações judiciais contra os moradores de Vila Rica
(hoje, Ouro Preto), tem a sua casa invadida no dia 29 de junho. Após alguns
dias, o governador Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos tenta
apaziguar os ânimos, com promessas de perdão e o atendimento das exigências.
Porém, com a demora das negociações, a “turba amotinada” sequestra alguns
vereadores da câmara de Vila Rica e marcha em direção ao governador que se
deslocara para a vila de Ribeirão do Carmo. Lá, além do armistício, exigiram 18
pontos, entre eles a não instalação da Casa de Fundição, diminuição de alguns
impostos, tendo como contrapartida o pagamento anual de 30 arrobas asseguradas
pela população ao Rei. Ao longo dos dias vários acordos são tentados e
escritos. Os rebeldes, apesar de sofrerem com o pagamento dos direitos régios,
permaneciam fiel ao Rei, a Portugal e a seus direitos e deveres costumeiros.
No
processo de pacificação, o conde-governador aceita as exigências e, com a
relativa calmaria restabelecida, aciona a Companhia dos Dragões (tropa de elite
vinda ao Brasil, dentre outras funções, para reprimir motins e levantes) e massacra
os envolvidos. Um dos principais idealizadores da revolta, Filipe dos Santos, é
enforcado e esquartejado em praça pública. Os outros líderes têm suas casas
queimadas e seus bens saqueados.
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