22.9.21

Revolta de Vila Rica

 

Transcorrendo entre junho e julho de 1720, esta revolta na Capitania de São Paulo e Minas do Ouro trazia a marca de uma situação comum na região, onde funcionários da Coroa portuguesa se viam obrigados, muitas vezes, a se dobrarem diante das vontades da elite local, principalmente com relação à administração e à cobrança de impostos. Além da resistência à arrecadação do quinto do ouro, colaboraram para a inquietação social as reformas na organização militar (afastando oficiais e cortando suprimentos) e a expulsão de clérigos das Minas Gerais.

A liderança do movimento esteve dividida entre Filipe dos Santos, como cabeça do levante e principal agitador, e outros como Pascoal da Silva Guimarães, Dr. Manoel Mosqueira da Rosa, Frei Vicente Botelho e Frei Francisco de Monte Alverne. Quanto aos grupos sociais, havia comerciantes, mineradores, militares, letrados e religiosos.

O anúncio de reformas na arrecadação do quinto, pela criação da Casa de Fundição e Moeda, o que tornava proibido o comum método de utilização do “Ouro em pó” e fornecia grande controle à Coroa, despertou a ira e encabeçou a lista de reivindicações dos revoltosos. A criação da Casa de Fundição, prevista para julho de 1720, foi antecipada sem prévio aviso para junho, atiçando as acaloradas relações entre a população mineira e a administração.

O primeiro alvo dos amotinados foi o Ouvidor Martinho Vieira de Freitas que sob a acusação de estar planejando ações judiciais contra os moradores de Vila Rica (hoje, Ouro Preto), tem a sua casa invadida no dia 29 de junho. Após alguns dias, o governador Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos tenta apaziguar os ânimos, com promessas de perdão e o atendimento das exigências. Porém, com a demora das negociações, a “turba amotinada” sequestra alguns vereadores da câmara de Vila Rica e marcha em direção ao governador que se deslocara para a vila de Ribeirão do Carmo. Lá, além do armistício, exigiram 18 pontos, entre eles a não instalação da Casa de Fundição, diminuição de alguns impostos, tendo como contrapartida o pagamento anual de 30 arrobas asseguradas pela população ao Rei. Ao longo dos dias vários acordos são tentados e escritos. Os rebeldes, apesar de sofrerem com o pagamento dos direitos régios, permaneciam fiel ao Rei, a Portugal e a seus direitos e deveres costumeiros.

No processo de pacificação, o conde-governador aceita as exigências e, com a relativa calmaria restabelecida, aciona a Companhia dos Dragões (tropa de elite vinda ao Brasil, dentre outras funções, para reprimir motins e levantes) e massacra os envolvidos. Um dos principais idealizadores da revolta, Filipe dos Santos, é enforcado e esquartejado em praça pública. Os outros líderes têm suas casas queimadas e seus bens saqueados.

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