22.9.21

Revolta de Beckman

Pelo povo do Maranhão morrerei contente”. (Manuel Beckman)

"Saiu pela brecha por onde tinha entrado o monstruoso corpo daquela desordem’’. A frase dita por Bernardo Pereira de Berredo, historiador e administrador colonial português, representa a situação de desagrado com o governador Francisco de Sá Meneses, principalmente pelo descaso em relação à miséria em que se encontrava o Estado do Maranhão. Um dos problemas principais dos colonos era referente à mão de obra: não tendo recursos para comprar escravizados africanos, necessitavam recorrer à escravização de indígenas. No entanto, esta era proibida; os conflitos com os jesuítas, que tinham aldeamentos na região, eram frequentes.

Em 1682, para tentar remediar a pobreza, começou a atuar a Companhia do Comércio do Maranhão, sociedade anônima com sede em Lisboa, que poderia explorar o monopólio da venda de alguns produtos aos colonos, como vinho, azeite, bacalhau e farinha, e comprar os produtos fabricados no Maranhão, como o cacau, o cravo e o tabaco. Além disso, a Companhia deveria fornecer 500 escravizados africanos por ano aos colonos a um preço razoável. No entanto, a Companhia não cumpriu a sua parte, causando insatisfação nos latifundiários, assim como em outros setores da sociedade maranhense. Assim, as causas da revolta foram duas: a insatisfação com a Companhia de Comércio e o desejo de utilizar mão de obra escravizada indígena.

Na véspera da procissão de Nosso Senhor dos Passos, em 25 de fevereiro de 1684, os rebeldes, liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, tomam a cidade de São Luís. Uma vez no poder, instauram uma junta de governo composta por representantes dos latifundiários. Expulsaram os jesuítas e aboliram o monopólio da Compnahia de Comércio. Esta última medida, posteriormente, foi referendada pelo governo português.

Após tomarem a cidade, com o tempo o movimento foi perdendo resistência e apoio por parte da população, pelos conflitos internos dentro do grupo dos latifundiários. Com a chegada do novo governador Gomes Freire de Andrade em maio de 1685, amparado por tropas portugueses, é decretada a prisão e posterior execução dos principais líderes da revolta, Manuel Beckman e Jorge de Sampaio de Carvalho. Tomás Beckman e Eugênio Ribeiro Maranhão são enviados a Lisboa e processados; posteriormente, foram exilados em Pernambuco. Os jesuítas retornaram. Ao final de 1685, a Revolta de Beckman tinha chegado ao fim.

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