“Pelo povo do Maranhão morrerei contente”. (Manuel Beckman)
"Saiu
pela brecha por onde tinha entrado o monstruoso corpo daquela desordem’’. A
frase dita por Bernardo Pereira de Berredo, historiador e administrador
colonial português, representa a situação de desagrado com o governador
Francisco de Sá Meneses, principalmente pelo descaso em relação à miséria em
que se encontrava o Estado do Maranhão. Um dos problemas principais dos colonos
era referente à mão de obra: não tendo recursos para comprar escravizados
africanos, necessitavam recorrer à escravização de indígenas. No entanto, esta
era proibida; os conflitos com os jesuítas, que tinham aldeamentos na região,
eram frequentes.
Em
1682, para tentar remediar a pobreza, começou a atuar a Companhia do Comércio
do Maranhão, sociedade anônima com sede em Lisboa, que poderia explorar o
monopólio da venda de alguns produtos aos colonos, como vinho, azeite, bacalhau
e farinha, e comprar os produtos fabricados no Maranhão, como o cacau, o cravo
e o tabaco. Além disso, a Companhia deveria fornecer 500 escravizados africanos
por ano aos colonos a um preço razoável. No entanto, a Companhia não cumpriu a
sua parte, causando insatisfação nos latifundiários, assim como em outros
setores da sociedade maranhense. Assim, as causas da revolta foram duas: a
insatisfação com a Companhia de Comércio e o desejo de utilizar mão de obra
escravizada indígena.
Na
véspera da procissão de Nosso Senhor dos Passos, em 25 de fevereiro de 1684, os
rebeldes, liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, tomam a cidade de São
Luís. Uma vez no poder, instauram uma junta de governo composta por
representantes dos latifundiários. Expulsaram os jesuítas e aboliram o
monopólio da Compnahia de Comércio. Esta última medida, posteriormente, foi referendada
pelo governo português.
Após
tomarem a cidade, com o tempo o movimento foi perdendo resistência e apoio por
parte da população, pelos conflitos internos dentro do grupo dos latifundiários.
Com a chegada do novo governador Gomes Freire de Andrade em maio de 1685,
amparado por tropas portugueses, é decretada a prisão e posterior execução dos
principais líderes da revolta, Manuel Beckman e Jorge de Sampaio de Carvalho. Tomás
Beckman e Eugênio Ribeiro Maranhão são enviados a Lisboa e processados;
posteriormente, foram exilados em Pernambuco. Os jesuítas retornaram. Ao final
de 1685, a Revolta de Beckman tinha chegado ao fim.
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