22.9.21

Revolta da Cachaça


Na Capitania do Rio de Janeiro em 31 de janeiro de 1660, a Câmara dos Vereadores (contrariando as ordens da Coroa que proibia a produção e comércio de manufaturas na colônia, que incluía a de destilados) propôs a liberação da produção de cachaça na Capitania. A região estava em crise econômica, por conta da queda dos preços do açúcar no mercado mundial após a ocupação holandesa do Nordeste, e a produção de aguardente era uma opção rentável aos senhores de engenho locais, em especial porque era utilizada como moeda de troca no comércio de escravizados.

O governador, Salvador Correia de Sá e Benevides, concorda; no entanto, estipula uma série de taxas a serem cobradas. A mais marcante delas foi a taxa sobre a defesa e proteção, para reorganizar e aumentar o efetivo do exército. Os ricos deveriam pagar um valor padrão e os demais pagariam conforme suas posses. Após várias tentativas pacíficas de tentar derrubar essa medida, os fazendeiros e grande parte da população liderada pelo “povo” da freguesia de São Gonçalo revoltaram-se contra a cobrança da taxa.

Em novembro de 1660, marcham em direção a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro e exigem, não só o fim da taxa, como também a devolução do que já havia sido pago, e contra os abusos de Salvador Correia de Sá. Este também era acusado de se apropriar de boa parte dos recursos arrecadados com as taxas para si e seus seguidores mais próximos. Com o apoio da população e dos soldados, aprisionaram o governador em exercício, Tomé de Alvarenga, e nomeiam (à força) um novo governador, Agostinho Barbalho. Este, porém, tinha o apoio do governador Salvador de Sá (que estava em São Paulo, a par da situação), começou a ser malvisto pelos revoltosos e foi destituído do cargo no dia 8 de fevereiro de 1661.

O novo governador, Jerônimo Barbalho tomou ações autoritárias contra os aliados de Salvador de Sá. Este, por sua vez, decidiu reagir: organizando uma frota de navios vindos de São Paulo e da Bahia, invadiu o Rio de Janeiro no dia 6 de abril de 1661 e, sem quase nenhuma resistência, retomou o poder. Aprisiona todos os revoltosos e executa Jerônimo Barbalho na forca.

Porém, Salvador de Sá acaba sendo afastado do cargo pelo Conselho Ultramarino de Portugal, sob a acusação de abuso de poder, conivência e trinta outras acusações feitas pela população. Posteriormente, três dos principais líderes do movimento, que haviam sido presos e enviados à Lisboa, foram inocentados. Os impostos instituídos por Salvador de Sá foram abolidos e a produção e comércio da cachaça passaram a ocorrer sem maiores problemas, mesmo dentro do quadro do pacto colonial. Era uma forma de Portugal acalmar os ânimos e estabelecer seu controle no Rio de Janeiro.

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