Na
Capitania do Rio de Janeiro em 31 de janeiro de 1660, a Câmara dos Vereadores
(contrariando as ordens da Coroa que proibia a produção e comércio de
manufaturas na colônia, que incluía a de destilados) propôs a liberação da
produção de cachaça na Capitania. A região estava em crise econômica, por conta
da queda dos preços do açúcar no mercado mundial após a ocupação holandesa do
Nordeste, e a produção de aguardente era uma opção rentável aos senhores de
engenho locais, em especial porque era utilizada como moeda de troca no
comércio de escravizados.
O
governador, Salvador Correia de Sá e Benevides, concorda; no entanto, estipula
uma série de taxas a serem cobradas. A mais marcante delas foi a taxa sobre a
defesa e proteção, para reorganizar e aumentar o efetivo do exército. Os ricos
deveriam pagar um valor padrão e os demais pagariam conforme suas posses. Após
várias tentativas pacíficas de tentar derrubar essa medida, os fazendeiros e
grande parte da população liderada pelo “povo” da freguesia de São Gonçalo
revoltaram-se contra a cobrança da taxa.
Em
novembro de 1660, marcham em direção a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro e
exigem, não só o fim da taxa, como também a devolução do que já havia sido
pago, e contra os abusos de Salvador Correia de Sá. Este também era acusado de
se apropriar de boa parte dos recursos arrecadados com as taxas para si e seus
seguidores mais próximos. Com o apoio da população e dos soldados, aprisionaram
o governador em exercício, Tomé de Alvarenga, e nomeiam (à força) um novo governador,
Agostinho Barbalho. Este, porém, tinha o apoio do governador Salvador de Sá (que
estava em São Paulo, a par da situação), começou a ser malvisto pelos
revoltosos e foi destituído do cargo no dia 8 de fevereiro de 1661.
O
novo governador, Jerônimo Barbalho tomou ações autoritárias contra os aliados
de Salvador de Sá. Este, por sua vez, decidiu reagir: organizando uma frota de
navios vindos de São Paulo e da Bahia, invadiu o Rio de Janeiro no dia 6 de abril
de 1661 e, sem quase nenhuma resistência, retomou o poder. Aprisiona todos os
revoltosos e executa Jerônimo Barbalho na forca.
Porém,
Salvador de Sá acaba sendo afastado do cargo pelo Conselho Ultramarino de
Portugal, sob a acusação de abuso de poder, conivência e trinta outras acusações
feitas pela população. Posteriormente, três dos principais líderes do
movimento, que haviam sido presos e enviados à Lisboa, foram inocentados. Os
impostos instituídos por Salvador de Sá foram abolidos e a produção e comércio
da cachaça passaram a ocorrer sem maiores problemas, mesmo dentro do quadro do
pacto colonial. Era uma forma de Portugal acalmar os ânimos e estabelecer seu
controle no Rio de Janeiro.
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