22.9.21

Revolta dos Dragões

 

Em 1737 foi criado o forte Jesus-Maria-José, no que é hoje a cidade de Rio Grande, com a finalidade de solidificar o domínio português no sul da América. Foi estabelecido um grupo militar, denominado Regimento dos Dragões, para guarnecer o forte. As condições de vida, entretanto, foram extremamente difíceis para os primeiros habitantes desse local.

As promessas da Coroa Portuguesa aos soldados e povoadores, de que teriam toda a infraestrutura e mantimentos necessários, mostraram-se ilusórias. O cotidiano dos soldados era caracterizado por extrema precariedade. Em suas rações, careciam de mantimentos básicos e já não recebiam itens como carne ou farinha, base da alimentação militar. Eram proibidos de caçar ou de pescar. Ademais, havia muitas outras restrições impostas ao Corpo dos Dragões. Não podiam ter cavalos, estavam proibidos de transitar livremente, sofriam três inspeções diárias, que muitas vezes terminavam em “prisões e pancadas”.

No dia 5 de janeiro de 1742, a infantaria, a artilharia e os soldados do Regimento dos Dragões iniciaram um motim contra as precárias condições de vida. De acordo com os próprios militares, seus protestos eram contra o governador da capitania Diogo Osório Cardoso (1740 - 1752) e as dificuldades que eles enfrentavam sob sua administração, e não tinham o objetivo de “usurpar, nem perturbar a jurisdição real, nem fazer sublevações contra a fé pública e serviço de S. Majestade e suas ordens reais”. Esses militares se encontravam com o pagamento de seus soldos atrasados há mais de 20 meses.

As reivindicações dos revoltosos incluíam: direito de pesca, o fim das várias inspeções diárias, melhores tratamentos médicos, o fim das punições por suspeita de deserção, o encerramento das torturas e castigos e o afastamento do capitão Tomás Luís Osório. Os militares também contaram com o apoio ativo dos moradores. Afinal, a precariedade da estrutura e dos alimentos não era uma dificuldade somente dos soldados, mas de todos os habitantes. Dessa forma, eles não somente apoiaram como também participaram do movimento. Ocuparam a praça de guerra, elegeram oficiais e ameaçaram passar para o domínio espanhol.

Em 29 de março de 1742, o motim terminou. Embora pagando apenas um terço dos soldos atrasados, os revoltosos tiveram grande parte de suas demandas atendidas por Gomes Freire de Andrade, governador do Rio de Janeiro, ao qual a administração de Rio Grande era subordinada. Foi permitido que os soldados, dentro de alguns limites, obtivessem canoas e cavalos, os oficiais que cometeram excessos foram punidos e aqueles que sofreram maus tratos puderam sair daquele povoado. Além disso, em 15 de fevereiro de 1742, o governador do Rio de Janeiro assinou um termo de notificação que perdoou os revoltosos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário