A
Inconfidência (ou Conjuração) Mineira foi uma conspiração visando uma futura
revolta contra a Coroa Portuguesa entre o fim de 1788 e o começo de 1789. Não
passou de uma conspiração, já que seus planos foram descobertos e seus membros
presos antes que a revolta se iniciasse.
Mudanças
drásticas alcançam Minas Gerais durante a década de 80 do século XVIII,
especialmente com novas orientações da administração régia e a difusão das
ideias críticas do iluminismo. Sob orientação da Coroa, em 1788, o Visconde de
Barbacena, então governador da capitania, confronta a elite local que detinha o
poder. A intensificação do controle sobre o comércio, as cobranças das dívidas de
contratos atrasados, a ameaça de mais uma derrama (confisco de objetos de ouro
de toda a população até alcançar a cota estipulada pela Coroa) incendeiam os
ânimos.
Inicialmente
organizado pelos senhores de escravos e gado, grandes comerciantes e
mineradores, o movimento conspiratório passou a agrupar diversos outros grupos,
principalmente os que tinham funções letradas, como advogados, dentistas,
clérigos e funcionários régios. Os envolvidos, em sua maioria, estavam totalmente
endividados devido ao declínio da mineração, e viam no rompimento com Portugal
a saída de seus problemas financeiros, inspirados no exemplo dos Estados
Unidos.
Os
revoltosos, apesar de reunidos e organizados, não apresentavam coesão em todas
as suas ideias e propostas. Pregavam o livre comércio e o livre extrativismo,
redirecionamento dos tributos diretamente para melhorias na colônia, mudança na
organização do poder e na administração interna de Minas. Para isso,
constituiriam uma república independente, com capital em São João del Rei;
criação de uma universidade em Ouro Preto, além de hospitais, escolas e casas
de caridade. Não tinham um posicionamento claro sobre o tema da escravidão.
Antes
de ter início o movimento rebelde, que previa a expulsão do governador para
Portugal, em junho de 1789 Barbacena recebe uma denúncia da conspiração e
suspende a derrama, que serviria como deflagrador da Inconfidência. Tem início
a fase de perseguição e da Devassa, que leva à prisão e degredo diversos
condenados. O Joaquim José da Silva Xavier, o “Tiradentes”, segue para as
masmorras no Rio de Janeiro junto de outros. Em 1791, o julgamento foi
presidido pelo vice-Rei, condenando à morte 11 envolvidos e ao degredo outros
sete. Porém, a rainha, fazendo segredo até 18 de abril de 1792, comutou as
penas dos condenados à morte em degredo, exceto Tiradentes. Três dias depois o
alferes foi enforcado e esquartejado em praça pública e seu corpo espalhado
pelas estradas e praças de Minas Gerais para servir de exemplo.
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