22.9.21

Revolta dos Mascates

 

No alvorecer da segunda década do século XVIII, eclode em Pernambuco um conflito explosivo entre as cidades de Olinda e Recife. A primeira, dominada em grande parte por uma elite latifundiária, tinha sua principal atividade baseada na produção e venda de açúcar. O declínio desse produto resultou na crescente dependência, por parte dessa elite, em relação aos comerciantes do Recife que, em sua maioria portugueses, estavam engajados em atividades mercantis realizando empréstimos com juros altos.

Os recifenses eram mais ricos, mas não tinham poder nenhum na administração da vila de Olinda, controlada pelos senhores de engenho.  Dado o desenvolvimento econômico do Recife, os comerciantes, que também eram intitulados "mascates" (termo pejorativo que designava pequenos mercadores ambulantes), recorreram à Coroa Portuguesa solicitando sua emancipação e o título de Vila.

A Coroa concedeu o pedido, autorizando a criação da Câmara de Vereadores no Recife em 1710, oficializando a separação de Olinda. A situação não foi bem recebida pelos senhores de engenho olindenses que, revoltados com a elevação do Recife e temendo a perda de sua condição de superioridade política em Pernambuco, invadiram a localidade, depredando tanto a Câmara quanto o Pelourinho. A elite de Olinda lembrava a Coroa de supostos direitos adquiridos nos tempos da expulsão dos holandeses do Nordeste (1645-1654).

Esses episódios ocorreram em 1710. O contra-ataque dos recifenses aconteceria no ano seguinte, em 1711, com a invasão da cidade de Olinda e destruição de algumas Vilas, plantações e engenhos da região. Diante desses conflitos, a Coroa começou a temer por uma desestabilização de seu poder e enviou um novo responsável para a ocupação do cargo de governador, Félix José de Mendonça, além de tropas para contenção da revolta.

O resultado foi a prisão dos líderes olindenses e a consolidação da autonomia de Recife em relação à Olinda. Em 1712, Recife foi elevada à capital de Pernambuco, sua Câmara e Pelouro foram reconstruídos e os sediciosos da nobreza de Olinda receberam perdão concedido pelo bispo. No ano de 1714, D. João V concedeu anistia a todos os envolvidos na sublevação. Além disso, concedeu aos senhores de engenho de Olinda o privilégio da manutenção de suas plantações e perdão de suas dívidas, em troca de paz.

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