25.6.19

A tomada de Jerusalém vista pelos muçulmanos


“A população foi passada ao fio da espada e os francos massacraram os sarracenos da cidade por uma semana. [...] Na mesquita de Al-aqsa, pelo contrário, os francos massacraram mais de 70.000 pessoas, entre as quais grande multidão de imãs e de doutores sarracenos, devotos e ascetas que tinham deixado suas terras para viver vida piedosa retirados nesse lugar santo”.

Ibn al-Athir. In: Gabriel, F. Croniques árabes des croisades. Paris: Sinbad, 1977, p.62.

“Os exilados ainda tremem cada vez que falam nisso, seu olhar se esfria como se eles ainda tivessem diante dos olhos aqueles guerreiros louros, protegidos de armaduras, que espalham pelas ruas o sabre cortante, desembainhado, degolando homens, mulheres e crianças, saqueando as mesquitas.
O destino dos judeus de Jerusalém foi igualmente atroz. Nas primeiras horas da batalha, vários deles participaram da defesa de seu bairro, a Judiaria, situada ao norte da cidade [...] A comunidade inteira, reproduzindo um gesto ancestral, reuniu-se na sinagoga principal para rezar. Os francos então bloquearam todos os acessos. Depois, empilhando feixes de lenha em torno, atearam fogo. Os que tentavam sair eram mortos nos becos vizinhos, os outros eram queimados vivos”.

MAALOUF, Amin. As cruzadas vistas pelos árabes. São Paulo: Brasiliense, 1988, p.12.

Glossário
Francos: nome pelo qual os muçulmanos chamavam os cristãos.
Sarracenos: nome pelo qual os muçulmanos eram conhecidos na Idade Média.
Imãs: ministros da religião islâmica
Ascetas: pessoas virtuosas e piedosas
Exilados: referência aos que conseguiram fugir de Jerusalém.
Gesto ancestral: gesto repetido já muito tempo.

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