17.6.19

Histórias da Arábia - Trecho 2


No dia seguinte, começariam a montar a loja. Aladim não conseguiu fechar os olhos naquela noite. Cedo pela manhã, foi ao encontro de seu tio. Este levou-o sem dizer aonde iam. Saíram da cidade e atingiram o pé de uma montanha no limiar do deserto, um lugar habitado apenas pela presença de Alá. Este lugar era o alvo do feiticeiro. Era para chegar lá que ele tinha deixado o Marrocos e a China. Mas Aladim estava cansado e temeroso. "Onde estamos, meu tio? E aonde vamos?" queixou-se. O dervixe procurou tranquilizá-lo. Fê-lo sentar-se numa rocha a seu lado, colocou o braço afetuosamente em volta de seu pescoço e disse-lhe: "Descansa um pouco. Vou te mostrar coisas que nenhum olho humano já viu.

O dervixe dirigiu-se a ele de novo: "Levanta-te agora, Aladim, e apanha algumas raízes secas." Aladim cumpriu a ordem. O dervixe acendeu as raízes. Em seguida, tirou da bolsa uma caixa de tartaruga, abriu-a e extraiu dela uma pitada de incenso que lançou no fogo. Elevou-se então uma fumaça densa que o feiticeiro abanou de um lado para o outro com a mão, ao mesmo tempo que pronunciava fórmulas mágicas numa língua desconhecida. De repente, a montanha tremeu, os penedos deslocaram-se pela base, a terra se abriu. E no fundo do buraco apareceu uma placa de mármore horizontal, com um anel de bronze para segurá-la. Ao ver tudo isso, Aladim ficou apavorado, soltou um berro, virou as costas e fugiu. Mas num salto o mágico agarrou-o, fitando-o com olhos flamejantes de raiva. E segurando-o pela orelha deu-lhe uma bofetada tão violenta que Aladim caiu no chão.

- Dize-me o que queres que faça, e o farei, disse Aladim. - Primeiro, desce comigo no buraco, segura o anel e levanta a placa. Aladim obedeceu e ergueu a placa. Avistou então um subterrâneo com uma escada de doze degraus que descia até uma porta de cobre vermelho com dois batentes. O mouro disse-lhe: "Meu filho, desce até aquela porta. Ela se abrirá por si mesma para ti. Entra e atravessa os três pátios que se estenderão à tua frente. Nos dois primeiros, verás jarras cheias de ouro. Não as toques, pois, se o fizeres, serás transformado numa pedra preta. No terceiro pátio, encontrarás nova porta igual a esta. Ela também se abrirá para ti e te revelará um jardim magnífico cheio de árvores frutíferas. Lá também não pares. Continua a andar, e chegarás a uma escada de trinta degraus que te levará a um terraço. Lá verás sobre um pedestal de bronze uma pequena lâmpada de cobre. Apanha-a, esconde-a no peito, volta a mim pelo caminho da ida, entrega-me a lâmpada, e seremos ricos e gloriosos para sempre. Te darei esse anel. Coloca-o no teu dedo e ele te protegerá”.

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