No
dia
seguinte, começariam a montar a loja. Aladim não
conseguiu fechar os olhos naquela noite. Cedo
pela manhã, foi ao encontro de seu tio. Este levou-o sem dizer aonde iam.
Saíram da cidade e atingiram o pé de uma montanha no limiar do deserto, um
lugar habitado apenas pela
presença de Alá. Este lugar era o alvo do feiticeiro. Era para chegar lá
que ele tinha deixado o Marrocos e a China. Mas Aladim
estava cansado e temeroso. "Onde estamos,
meu tio? E aonde vamos?" queixou-se. O dervixe procurou tranquilizá-lo.
Fê-lo sentar-se numa rocha a seu
lado, colocou o braço afetuosamente em volta de seu pescoço e disse-lhe: "Descansa um pouco. Vou te mostrar
coisas que nenhum olho humano já viu.
O
dervixe dirigiu-se a ele de novo: "Levanta-te agora,
Aladim, e apanha algumas raízes secas." Aladim cumpriu a ordem. O dervixe acendeu as raízes. Em seguida, tirou
da bolsa uma caixa de tartaruga, abriu-a e extraiu dela uma pitada de incenso
que lançou no fogo. Elevou-se então uma fumaça densa que o feiticeiro abanou de um lado para o outro com a
mão, ao mesmo tempo que pronunciava fórmulas
mágicas numa língua desconhecida. De repente, a montanha tremeu, os penedos
deslocaram-se pela base, a terra se abriu. E no fundo
do buraco apareceu uma placa de mármore horizontal, com um anel de bronze para
segurá-la. Ao ver tudo isso, Aladim ficou apavorado, soltou um berro, virou as costas e fugiu.
Mas num salto o mágico agarrou-o, fitando-o com olhos flamejantes de raiva. E
segurando-o pela orelha deu-lhe uma bofetada tão violenta que Aladim caiu no chão.
-
Dize-me o que queres que faça, e o farei, disse Aladim. -
Primeiro, desce comigo no buraco, segura o anel e levanta a placa. Aladim obedeceu e ergueu a placa.
Avistou então um subterrâneo com uma escada de doze
degraus que descia até uma porta de cobre
vermelho com dois batentes. O mouro disse-lhe: "Meu filho, desce até aquela porta. Ela se abrirá
por si mesma para ti. Entra e atravessa os três pátios que se estenderão à tua frente. Nos dois
primeiros, verás jarras cheias de ouro. Não as toques, pois, se o fizeres, serás transformado numa
pedra preta. No terceiro pátio, encontrarás nova porta igual a esta. Ela também se
abrirá para ti e te revelará um jardim magnífico cheio de árvores frutíferas. Lá também não
pares. Continua a andar, e chegarás a uma escada de trinta degraus que te levará a um
terraço. Lá verás sobre um pedestal de bronze uma pequena lâmpada de cobre. Apanha-a, esconde-a no
peito, volta a mim pelo caminho da ida, entrega-me a lâmpada, e seremos ricos e gloriosos
para sempre. Te darei esse anel. Coloca-o no teu dedo e ele te protegerá”.
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