17.6.19

Histórias da Arábia - Trecho 1


Conta-se, ó rei afortunado, que viveu outrora numa cidade da China um alfaiate pobre que tinha um filho chamado Aladim. Este filho revelou-se um maroto desde a mais tenra idade. Em vão procurou o pai dar-lhe alguma instrução ou ensinar-lhe o próprio ofício. Aladim só queria brincar na rua com seus camaradas. E seu pai acabou por morrer de desgosto.

Sua desgraçada mãe labutava dia e noite, fiando lã e algodão para sustentar-se e sustentá-lo. Certo dia, enquanto brincava numa praça com vagabundos de sua espécie, um dervixe, que era um mouro, parou e ficou acabou concentrando sua atenção em Aladim. Esse dervixe, que vinha dos confins do Marrocos, era um insigne feiticeiro. Enquanto olhava mais e mais atentamente para Aladim, dizia consigo mesmo: "Este é o jovem de que preciso. Este é o jovem que andei procurando e pelo qual deixei meu país e empreendi esta longa viagem."

Chamou de lado um dos outros rapazes e informou-se com ele sobre Aladim. Munido dessas informações, abordou Aladim com um sorriso e, levando-o a um lado, disse-lhe: "Meu menino, não és Aladim, filho do alfaiate?" - Sou Aladim, respondeu, mas meu pai morreu há muitos anos. A estas palavras, o dervixe tomou Aladim nos braços e começou a beijá-lo enquanto derramava abundantes lágrimas. “Por que choras, meu senhor?”, perguntou Aladim, surpreso. Conhecias meu pai?

- Meu filho, respondeu o mouro com voz trêmula, como conseguiria reter as lágrimas, sendo teu tio e havendo sido bruscamente informado do falecimento de meu irmão, teu pai? Querido sobrinho, deixei minha pátria e enfrentei os perigos de uma longa viagem só para vir abraçar meu irmão.

O homem tirou então dez dinares de ouro do cinto e deu-os a Aladim. Depois, perguntou-lhe onde a mãe morava. Aladim apontou-lhe a casinha da mãe. O mouro tirou outros dez dinares de ouro e deu-os a Aladim, dizendo: "Entrega-os à viúva de meu irmão, dize-lhe que estou ansioso por rever os lugares onde meu irmão viveu, e que a visitarei amanhã pela manhã." Aladim beijou a mão do homem e correu alegremente para casa. Ao chegar em casa, porém, sua mãe lhe disse que não tinha nenhum irmão.

No dia seguinte, o dervixe, ao visita-los, perguntou ao jovem: "Que profissão exerces, meu filho? Que trabalho desempenhas para ajudar a tua mãe a manter a casa?" Aladim baixou a cabeça de vergonha. O feiticeiro afirmou: "Se preferes o comércio, estou pronto a montar uma grande loja para ti no melhor ponto do mercado". Aladim sentiu se imensamente feliz e sorriu para ele como para dizer: "Certamente, aceito."

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