14.6.19

Fundamentalismo Religioso

Fundamentalismo religioso: reflexões necessárias
Cristiano das Neves Bodart

O termo fundamentalismo religioso vem sendo empregado, especialmente pela mídia televisiva, de forma pejorativa (geralmente limitado ao islã). Nesta mídia não vemos o termo associado a boas ações, pelo contrário, a ataques terroristas e outros atos de violência. Nós, cientistas sociais, não podemos colaborar para a solidificação de uma inverdade como esta, principalmente quando temos o monopólio da palavra: em sala de aula. Tratar de tal conceito sem ir à raiz de suas origens é correr o risco de reproduzir o que a grande mídia “criou”: um monstro que deve ser eliminado.

O termo fundamentalismo religioso foi criado por parte de um grupo religioso, os quais, no início de século XX, nos Estados Unidos, se reuniram para discutir e formular caminhos doutrinários de combate as influências dos movimentos modernistas (na teologia, o Modernismo é uma corrente heterogênea de pensamento que, basicamente, defende a evolução – e modificação ou transformação – do dogma e “uma reinterpretação da religião à luz do pensamento científico do século XIX”).

Fundamentalismo é um movimento que tem por objetiva voltar aos princípios fundamentais, ou vigentes na fundação do grupo religioso. É preservar as bases doutrinárias, é não permitir que os “modismos” entrem em suas religiões.

Ao contrário, os modernistas cristãos, por exemplo, defendiam (ainda defendem) que a Bíblia não possui inspiração divina e que a mesma não pode ser seguida em todas as situações, apenas em questões que coincida com os costumes atuais. Defendem que as celebrações devem se adequar aos gostos culturais atuais. Para os fundamentalistas isso seria levar o mundo e suas coisas mundanas para dentro da igreja.

Hoje, se fala muito em respeito. O que buscam os fundamentalistas? Respeito à suas bases religiosas, aos fundamentos de sua religião. Aqui está o motivo de muitos dos conflitos que envolvem grupos religiosos fundamentalistas, especialmente os grupos não ocidentais: a invasão de costumes, hábitos e valores ocidentais em tais grupos. [...]

A crítica não deve se voltar a prática fundamentalista, mas aos fundamentos que são realmente nocivos a sociedade/humanidade. O desafio maior é definir um parâmetro para tal juízo de valor. Estaria a modernidade (impregnada de concepções capitalistas, individualistas, egocêntricas e mercadológica) habilitada a julgar os fundamentos de grupos minoritários?

(texto adaptado a partir do original em https://cafecomsociologia.com/fundamentalismo-religioso/ acesso em 14-06-2019)

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