Tirando
o Rio de Janeiro, a Bahia era a peça mais importante do Império Português na
América. E, por isso, foi tão disputada. Um amplo comércio de fumo, açúcar,
escravizados, tanto interno quanto externo, aquecia os mercados da capital. Calcula-se
que em 1780 havia cerca de 220 mil habitantes na Bahia, dois terços deles em
Salvador e seus arredores, o Recôncavo Baiano.
O
movimento de adesão às Cortes iniciou no dia 10 de fevereiro de 1821, com a
instalação da Junta de Governo. O ano de 1821 ocorreu com certa tranquilidade,
destacando-se pela ampla circulação de panfletos e jornais, nos quais se
destacavam Idade d´Ouro do Brasil, Sentinela Bahiense e Semanário
Cívico, os quais difundiam a teoria política liberal. Em 3 de setembro são
eleitos os deputados para as Cortes. Nada apontava para uma separação entre
Brasil e Portugal
Em
1822, a situação mudou. Em fevereiro, uma nova Junta de Governo é eleita, com
base nas orientações das Cortes. E o comando militar da Bahia é entregue a um
militar português, Inácio Luís Madeira de Mello. A decisão vinda de Lisboa descontentou
militares e civis, gerando conflitos armados em Salvador entre os dias 18 e 21
de fevereiro. Duzentas a trezentas pessoas morreram. Muitos deixam a capital e
se instalam no entorno, na região do Recôncavo, onde estavam as principais
fazendas.
Entre
os meses de fevereiro e maio a resistência aos militares que ocupavam Salvador
se deu de forma passiva. A partir de junho iniciam-se os combates entre as
tropas portuguesas e o Exército Libertador, uma força militar organizada no
Recôncavo. Várias das Câmaras de Vereadores da Bahia aclamaram Dom Pedro como
defensor perpétuo do Brasil. O conflito passou a ser aberto. No dia 21 de
agosto, é instalado um governo paralelo, com sede na cidade de Cachoeira, e que
apoiava abertamente a causa da independência.
Em
algumas vilas foram registrados episódios violentos de perseguição e morte de
portugueses, conhecido como mata-marotos. Vilas do interior, como
Caetité e Rio de Contas, no oeste e longe de Salvador, instalaram suas próprias
Juntas, não acatando as ordens vindas de Cachoeira. Escravizados eram
recrutados para lutar no exército, para engrossar o número de soldados. Indígenas
eram alistados, com destaque pata o chefe das tropas de índios flecheiros,
Bartholomeu “Jacaré”. A efervescência política e social era enorme.
Em
novembro, ocorre o principal conflito da independência na Bahia, a Batalha do
Pirajá, nos arredores de Salvador. A vitória das tropas baianas consolida a sua
posição no cerco à cidade. Com o tempo, reforços chegam, incluindo alguns
enviados por Dom Pedro, liderados pelo general Pedro Labatut. Labatut teve
sérias divergências com os membros do governo da Cachoeira e foi acusado de
autoritarismo. Em maio, ele é removido do comando do Exército Libertador. Em
abril, o almirante Thomas Cochrane chega com uma esquadra que bloqueia a Baía
de Todos os Santos. Acuados e sem acesso a mantimentos, tanto por terra como
por mar, as tropas portuguesas se rendem no dia 1º de julho de 1823, e deixam
Salvador no dia seguinte. Esse dia, atualmente, é o feriado estadual na Bahia. Consolidava-se
a adesão da Bahia ao Império Brasileiro.
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