22.10.24

Bahia

 

Tirando o Rio de Janeiro, a Bahia era a peça mais importante do Império Português na América. E, por isso, foi tão disputada. Um amplo comércio de fumo, açúcar, escravizados, tanto interno quanto externo, aquecia os mercados da capital. Calcula-se que em 1780 havia cerca de 220 mil habitantes na Bahia, dois terços deles em Salvador e seus arredores, o Recôncavo Baiano.

O movimento de adesão às Cortes iniciou no dia 10 de fevereiro de 1821, com a instalação da Junta de Governo. O ano de 1821 ocorreu com certa tranquilidade, destacando-se pela ampla circulação de panfletos e jornais, nos quais se destacavam Idade d´Ouro do Brasil, Sentinela Bahiense e Semanário Cívico, os quais difundiam a teoria política liberal. Em 3 de setembro são eleitos os deputados para as Cortes. Nada apontava para uma separação entre Brasil e Portugal

Em 1822, a situação mudou. Em fevereiro, uma nova Junta de Governo é eleita, com base nas orientações das Cortes. E o comando militar da Bahia é entregue a um militar português, Inácio Luís Madeira de Mello. A decisão vinda de Lisboa descontentou militares e civis, gerando conflitos armados em Salvador entre os dias 18 e 21 de fevereiro. Duzentas a trezentas pessoas morreram. Muitos deixam a capital e se instalam no entorno, na região do Recôncavo, onde estavam as principais fazendas.

Entre os meses de fevereiro e maio a resistência aos militares que ocupavam Salvador se deu de forma passiva. A partir de junho iniciam-se os combates entre as tropas portuguesas e o Exército Libertador, uma força militar organizada no Recôncavo. Várias das Câmaras de Vereadores da Bahia aclamaram Dom Pedro como defensor perpétuo do Brasil. O conflito passou a ser aberto. No dia 21 de agosto, é instalado um governo paralelo, com sede na cidade de Cachoeira, e que apoiava abertamente a causa da independência.

Em algumas vilas foram registrados episódios violentos de perseguição e morte de portugueses, conhecido como mata-marotos. Vilas do interior, como Caetité e Rio de Contas, no oeste e longe de Salvador, instalaram suas próprias Juntas, não acatando as ordens vindas de Cachoeira. Escravizados eram recrutados para lutar no exército, para engrossar o número de soldados. Indígenas eram alistados, com destaque pata o chefe das tropas de índios flecheiros, Bartholomeu “Jacaré”. A efervescência política e social era enorme.

Em novembro, ocorre o principal conflito da independência na Bahia, a Batalha do Pirajá, nos arredores de Salvador. A vitória das tropas baianas consolida a sua posição no cerco à cidade. Com o tempo, reforços chegam, incluindo alguns enviados por Dom Pedro, liderados pelo general Pedro Labatut. Labatut teve sérias divergências com os membros do governo da Cachoeira e foi acusado de autoritarismo. Em maio, ele é removido do comando do Exército Libertador. Em abril, o almirante Thomas Cochrane chega com uma esquadra que bloqueia a Baía de Todos os Santos. Acuados e sem acesso a mantimentos, tanto por terra como por mar, as tropas portuguesas se rendem no dia 1º de julho de 1823, e deixam Salvador no dia seguinte. Esse dia, atualmente, é o feriado estadual na Bahia. Consolidava-se a adesão da Bahia ao Império Brasileiro.

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