22.10.24

Rio Grande do Sul

 

Na época da independência, o Rio Grande do Sul contava com cerca de cem mil habitantes, a maioria deles dedicados às tarefas rurais. Destacava-se a atividade pecuária, sobretudo com as charqueadas na região sul da província, com utilização intensa de mão de obra escravizada.

Por ser uma região de fronteira com os domínios espanhóis, a circulação de ideias vindas do estrangeiro era forte. Ideais de independência, de república, de igualdade, vinham sobretudo da Banda Oriental (atual Uruguai). Isso causava um grande temor nas autoridades portuguesas, que procuravam apreender os materiais impressos que continham tais ideias e destruí-los.

A eclosão da Revolução do Porto encontrou no Rio Grande do Sul uma grande simpatia, entendendo a ideia de Constituição como capaz de regenerar a política. Em abril de 1821, motins militares estouraram em Rio Grande e Porto Alegre, solicitando o juramento da Constituição que seria elaborada em Lisboa. Os tumultos foram violentos, com prisão de oficiais administrativos que foram obrigados a fazer o juramento. Além disso, os motins reivindicam o pagamento de salários atrasados, o que era bastante comum na região.

Ainda em 1821, João Carlos de Oliveira Saldanha e Daun foi nomeado governador-geral da província. A sua nomeação foi questionada por boa parte da elite local, pois não havia sido feita pelas Cortes, mas sim pelo rei D. João VI. Ao se ausentar da capital para ir às Missões, em outubro, uma nova insurreição procurou depô-lo e estabelecer um novo governo. O movimento era liderado por Antero José Ferreira de Brito, estancieiro que havia tido grandes ganhos com as guerras na Banda Oriental na década de 1810. O movimento fracassou pela atuação de oficiais administrativos e de diversas lideranças. Brito foi preso, juntamente com seu protetor, o tenente-general Manuel Marques de Souza.

Em 1822, é estabelecida uma Junta de Governo Provisória, com Saldanha e Daun como presidente. No entanto, logo ele entra em atrito com os demais membros, que o acusam de se manter fiel a Portugal e ao absolutismo, e ser contra a Constituição. Conforme os acontecimentos ocorriam no Rio de Janeiro, a situação tornou-se insustentável para ele. Então, é enviado ao Rio de Janeiro sob escolta militar, quase como conspirador. Sem sua presença, o Rio Grande do Sul aclama Pedro I como imperador e concretiza sua separação do Império Português, passando a fazer parte do Brasil.

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