22.10.24

Pernambuco

 

Pernambuco era uma das regiões mais importantes do Império Português. Nas primeiras duas décadas do século XIX, viveu um renascimento do açúcar, e um boom nas plantações de algodão, exportado para a Inglaterra. Todas essas plantações com mão de obra escravizada. Calcula-se que Pernambuco na época da independência tinha cerca de 480 mil habitantes, destes, 130 mil eram escravizados. Politicamente, contudo, as ideias liberais radicais afloravam. A revolta com os impostos por conta da presença da família real no Brasil, somado aos efeitos da seca de 1814 a 1817, levaram a uma rebelião em 1817, que governou a província de forma autônoma e republicana por 74 dias.

A repressão à rebelião de 1817 foi brutal, com diversos fuzilamentos, incluindo padres, o que era incomum no Império Português. Os que permaneceram presos acabaram sendo soltos com a Revolução do Porto. Estes voltam a Pernambuco e se juntam a setores sociais insatisfeitos, formando uma Junta de Governo paralela, sediada na cidade de Goiana, e que se opunha ao Conselho de Governo oficial, sediado no Recife, liderado pelo governador Luís do Rego Barreto.

Após tensões e uma tentativa de atentado contra si, Barreto renuncia e é eleita uma Junta de Governo em outubro de 1821, a qual será presidida por Gervásio Pires Ferreira, um dos líderes de 1817. A Junta não apoiava Dom Pedro, mas também não deixou tropas portuguesas enviadas pelas Cortes de Lisboa desembarcarem no Recife.

Dom Pedro envia emissários para articular a oposição a essa Junta. Congregando militares, proprietários de terras que temiam revoltas de escravizados e magistrados, a oposição derruba a Junta em setembro de 1822. A nova Junta, que ficará conhecida como “Junta dos Matutos” e que incluiria nomes importantes na política brasileira do século XIX, como os irmãos Cavalcanti e Araújo Lima, era alinhada com o Rio de Janeiro.

A independência estava garantida em Pernambuco, mas não sem sobressaltos, como o levante de oficiais e soldados pardos em fevereiro de 1823, conhecido como “Pedrosada”, por conta de seu líder, Pedro Pedroso, um oficial que auxiliou na derrubada de Pires Ferreira, mas não foi recompensado por isso. E, em 1824, a Confederação do Equador, cuja repressão violenta por parte do governo imperial garante definitivamente a presença de Pernambuco (e do Nordeste, como um todo) no Império Brasileiro.

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