Pernambuco
era uma das regiões mais importantes do Império Português. Nas primeiras duas
décadas do século XIX, viveu um renascimento do açúcar, e um boom nas
plantações de algodão, exportado para a Inglaterra. Todas essas plantações com
mão de obra escravizada. Calcula-se que Pernambuco na época da independência
tinha cerca de 480 mil habitantes, destes, 130 mil eram escravizados.
Politicamente, contudo, as ideias liberais radicais afloravam. A revolta com os
impostos por conta da presença da família real no Brasil, somado aos efeitos da
seca de 1814 a 1817, levaram a uma rebelião em 1817, que governou a província
de forma autônoma e republicana por 74 dias.
A
repressão à rebelião de 1817 foi brutal, com diversos fuzilamentos, incluindo
padres, o que era incomum no Império Português. Os que permaneceram presos
acabaram sendo soltos com a Revolução do Porto. Estes voltam a Pernambuco e se
juntam a setores sociais insatisfeitos, formando uma Junta de Governo paralela,
sediada na cidade de Goiana, e que se opunha ao Conselho de Governo oficial,
sediado no Recife, liderado pelo governador Luís do Rego Barreto.
Após
tensões e uma tentativa de atentado contra si, Barreto renuncia e é eleita uma
Junta de Governo em outubro de 1821, a qual será presidida por Gervásio Pires
Ferreira, um dos líderes de 1817. A Junta não apoiava Dom Pedro, mas também não
deixou tropas portuguesas enviadas pelas Cortes de Lisboa desembarcarem no
Recife.
Dom
Pedro envia emissários para articular a oposição a essa Junta. Congregando
militares, proprietários de terras que temiam revoltas de escravizados e
magistrados, a oposição derruba a Junta em setembro de 1822. A nova Junta, que
ficará conhecida como “Junta dos Matutos” e que incluiria nomes importantes na
política brasileira do século XIX, como os irmãos Cavalcanti e Araújo Lima, era
alinhada com o Rio de Janeiro.
A
independência estava garantida em Pernambuco, mas não sem sobressaltos, como o
levante de oficiais e soldados pardos em fevereiro de 1823, conhecido como
“Pedrosada”, por conta de seu líder, Pedro Pedroso, um oficial que auxiliou na
derrubada de Pires Ferreira, mas não foi recompensado por isso. E, em 1824, a
Confederação do Equador, cuja repressão violenta por parte do governo imperial
garante definitivamente a presença de Pernambuco (e do Nordeste, como um todo) no
Império Brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário