O
Pará, ou Grão-Pará, à época da independência abrangia quase toda a atual Região
Norte do Brasil, com exceção do Acre e do Tocantins. Calcula-se uma população
de cerca de 146 mil habitantes, destes, cerca de 29 mil escravizados, a grande
maioria deles provavelmente de origem indígena. A economia baseava-se nas
grandes plantações de açúcar, cacau e arroz na região de Belém e do Baixo Tocantins.
Pelo interior, havia cerca de quarenta vilas oriundas de aldeamentos indígenas.
A
província era extremamente dependente do Maranhão, dependendo de repasses
financeiros para fechar suas contas. Outro fator que o ligava ao Maranhão era
uma particularidade natural: as correntes marítimas tornavam as viagens do Pará
e do Maranhão mais rápidas para Lisboa que para o Rio de Janeiro. Dessa forma,
a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808 trouxe desvantagens
políticas e econômicas, pois dificultava o acesso às instituições reais.
O
Pará foi o primeiro território a jurar as bases da Constituição portuguesa, em
1º de janeiro de 1821, por meio de um levante militar que instaurou uma Junta
de Governo. A partir desse momento, o principal conflito estará na postura mais
radical ou mais conservadora sobre as mudanças que deveriam acontecer. As
tensões serão ampliadas com a chegada do governador de armas José Maria de
Moura, que passou a perseguir quem falasse contra o governo. O principal alvo
foi o jornal “O Paraense”, dirigido pelo cônego Batista Campos. Em março de
1823, a Junta de Governo é dissolvida por Moura e o jornal é fechado. A notícia
da dissolução das Cortes de Lisboa, em maio, caiu como uma bomba em Belém e
tornou mais complicada a perspectiva de um governo ligado a Portugal.
Se
acreditava que uma força militar externa seria decisiva para desequilibrar a
posição da província a favor da união com Portugal ou com o Brasil. Houve
insistentes pedidos para Portugal para o envio de uma força militar. Porém,
quem acabou enviando foi o Rio de Janeiro. Em 10 de agosto de 1823, chegou a
Belém o barco do tenente britânico John Pascoe Grenfell, que tentou convencer o
governo paraense de que ele antecipava uma poderosa esquadra comandada pelo
almirante Thomas Cochrane, assim como trazia notícias da adesão à independência
por parte do Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Bahia. No dia 15, o Pará adere ao
Império do Brasil.
Em
meados de outubro, um levante militar exige demissões de membros do governo e
de funcionários públicos acusados de serem contra a causa da independência.
Greenfell reprimiu o levante, com cinco fuzilamentos sumários e mais de 250
mortos na presiganga, um navio-prisão. Isso gerou uma série de tensões e de
levantes armados no interior, que só foram reprimidos em 1825. Aí pode-se dizer
que a adesão do Pará ao governo do Rio de Janeiro era fato consumado. Porém,
dez anos depois, viria uma grande revolta popular: a Cabanagem.
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