22.10.24

Grão-Pará

 

O Pará, ou Grão-Pará, à época da independência abrangia quase toda a atual Região Norte do Brasil, com exceção do Acre e do Tocantins. Calcula-se uma população de cerca de 146 mil habitantes, destes, cerca de 29 mil escravizados, a grande maioria deles provavelmente de origem indígena. A economia baseava-se nas grandes plantações de açúcar, cacau e arroz na região de Belém e do Baixo Tocantins. Pelo interior, havia cerca de quarenta vilas oriundas de aldeamentos indígenas.

A província era extremamente dependente do Maranhão, dependendo de repasses financeiros para fechar suas contas. Outro fator que o ligava ao Maranhão era uma particularidade natural: as correntes marítimas tornavam as viagens do Pará e do Maranhão mais rápidas para Lisboa que para o Rio de Janeiro. Dessa forma, a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808 trouxe desvantagens políticas e econômicas, pois dificultava o acesso às instituições reais.

O Pará foi o primeiro território a jurar as bases da Constituição portuguesa, em 1º de janeiro de 1821, por meio de um levante militar que instaurou uma Junta de Governo. A partir desse momento, o principal conflito estará na postura mais radical ou mais conservadora sobre as mudanças que deveriam acontecer. As tensões serão ampliadas com a chegada do governador de armas José Maria de Moura, que passou a perseguir quem falasse contra o governo. O principal alvo foi o jornal “O Paraense”, dirigido pelo cônego Batista Campos. Em março de 1823, a Junta de Governo é dissolvida por Moura e o jornal é fechado. A notícia da dissolução das Cortes de Lisboa, em maio, caiu como uma bomba em Belém e tornou mais complicada a perspectiva de um governo ligado a Portugal.

Se acreditava que uma força militar externa seria decisiva para desequilibrar a posição da província a favor da união com Portugal ou com o Brasil. Houve insistentes pedidos para Portugal para o envio de uma força militar. Porém, quem acabou enviando foi o Rio de Janeiro. Em 10 de agosto de 1823, chegou a Belém o barco do tenente britânico John Pascoe Grenfell, que tentou convencer o governo paraense de que ele antecipava uma poderosa esquadra comandada pelo almirante Thomas Cochrane, assim como trazia notícias da adesão à independência por parte do Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Bahia. No dia 15, o Pará adere ao Império do Brasil.

Em meados de outubro, um levante militar exige demissões de membros do governo e de funcionários públicos acusados de serem contra a causa da independência. Greenfell reprimiu o levante, com cinco fuzilamentos sumários e mais de 250 mortos na presiganga, um navio-prisão. Isso gerou uma série de tensões e de levantes armados no interior, que só foram reprimidos em 1825. Aí pode-se dizer que a adesão do Pará ao governo do Rio de Janeiro era fato consumado. Porém, dez anos depois, viria uma grande revolta popular: a Cabanagem.

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