22.10.24

São Paulo

 

O século que antecedeu à independência em São Paulo foi de grande crescimento populacional e produtivo, relacionado ao fornecimento de gêneros de subsistência para as Minas Gerais. Além disso, a lavoura de açúcar ocupou papel importante na economia paulista. Esse processo foi acentuado com a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, e com o início da produção de café no Vale do Paraíba.

A Revolução do Porto instaurou Juntas de Governo nas províncias, com o objetivo de limitar o poder do rei. A primeira Junta em São Paulo foi aclamada em 23 de junho de 1821, sendo presidida pelo último governador, João Carlos Augusto de Oyenhausen. Seu vice-presidente era José Bonifácio de Andrada e Silva; e o secretário do Interior era Martim Francisco Ribeiro de Andrada, além de outros cargos. Seus membros tinham destaque entre grupos de produtores e negociantes, e a maioria se envolveu na política imperial após a independência. Seus membros reunidos nunca se mostraram hostis ao governo de Dom Pedro, mas pretendiam agir com autonomia, mantendo liberdades que tinham anteriormente e, inclusive, discutir atos do príncipe.

Porém, a Junta paulista nunca foi soberana na província. Em maio de 1822, ocorreu um movimento que ficou conhecido como “Bernarda de Francisco Inácio”, que opôs o grupo liderado por Martim Andrada e o grupo liderado por Francisco Inácio de Sousa Queiros. Esses conflitos teriam ensejado a movimentação de parte da tropa, culminando na expulsão de Martim da Junta em 23 de maio de 1822. Constantes confrontos entre autoridades estabelecidas na cidade de São Paulo e nas vilas de Santos e Itu, inclusive a insubordinação das tropas instaladas em Santos em 1821 e a tentativa da Câmara de Itu de formar uma Junta de Governo própria em 1822, indicam a dificuldade na manutenção da união entre grupos de interesse das diversas localidades.

Durante os meses que precederam o Grito do Ipiranga se estabeleceu um complexo processo de acordos e alianças entre Dom Pedro e grupos de poder fluminenses, mineiros e paulistas, para que estes reconhecessem o Rio de Janeiro como centro político e administrativo. O apoio a Dom Pedro não era consensual e foi conquistado gradativamente através de garantias dadas às redes familiares e de negócios destas províncias para que pudessem continuar com suas operações mercantis e influência política com segurança e lucratividade.

A primeira Junta de Governo paulista atuou até agosto de 1822, quando foi dissolvida pessoalmente por Dom Pedro. Em seu lugar, o príncipe instituiu uma junta provisória, liderada pelo bispo Dom Mateus de Abreu Pereira, que atuou até janeiro de 1823. É nesse contexto que Dom Pedro estava quando recebeu notícias da Princesa Leopoldina, de que as Cortes ordenavam seu retorno a Portugal. E é ali que proclama o Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, marco simbólico da independência brasileira.

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