Clara Courá e Mariana Xambá - Minas Gerais - século XVIII
Os
poucos registros históricos das africanas Maria Xambá, Isabel Mina, Mariana da
Costa e Clara Courá revelam, ainda que de forma parcial, a experiência de
mulheres negras à frente de revoltas ou conspirações de escravizados e forros
no Brasil colonial. As escravizadas africanas Mariana Xambá e Clara Courá
estavam envolvidas numa conspiração descoberta em 1744 em Serro Frio, em Minas
Gerais. Foram elas as principais articuladoras dos planos e das ações de um
reinol, considerado mendicante e chamado pelo apelido de João Lourenço Negro.
Ele se intitulava "príncipe encoberto", "ensinava a ler alguns
rapazes" e se misturava com indígenas propagando ideias messiânicas e
milenaristas.
No
século XVIII, Minas Gerais testemunhou não só revoltas fiscais, quilombos e perseguições
da Inquisição. Notícias de revoltas e conspirações de escravizados estavam por
toda parte. Décadas antes, em 1719 e em 1725, as comarcas do Rio das Mortes e
de Vila Rica tremeram diante de boatos e da repressão a revoltas.
Em
1725, as próprias autoridades lembraram dos riscos do possível levante que
poderia ter acontecido em 1719, mas acabou “remediando-se aquela sublevação com
as diferenças das Nações, querendo cada um para si o reinado”. A Revolta
ocorreria numa quinta-feira de Endoenças - quinta-feira da Semana Santa. Os
insurretos se aproveitariam da presença maciça da população nas igrejas para
arrombar as casas e roubaram armas. A repressão foi imediata, sendo presos
"os chamados os reis das Nações Mina e Angola e outros que estavam nomeados
cabos e oficiais da sublevação”.
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