Joana Guedes de Jesus - Rio Grande do Sul - Século XIX
Joana
era uma africana ocidental, denominada Joana Mina, que deve ter chegado à Porto
Alegre na primeira metade da década de 1830. Joana pertencia à Dona Maria
Guedes de Menezes e adquiriu a liberdade em 1862, e de forma gratuita posto
estar doente e “ter servido durante seu cativeiro com todo o zelo e dedicação”.
Em 1869 já aparecia nos registros como uma mulher forra, então chamada Joana
Guedes de Jesus. Em 1870, casou-se na igreja da Madre de Deus com africano
Marcelo Angola. Viviam juntos havia muitos anos: ele como campeiro e ela com
várias ocupações domésticas e serviços nas charqueadas próximas. Marcelo tinha
50 anos quando conseguiu se alforriar em 1865, pagando um conto de réis em
1870. Na ocasião do casamento tinha 55 anos e Joana 41. Talvez tenham se
conhecido ali, há anos, ambos nas charqueadas nas margens do rio Jacuí: ela
tendo começado aos doze anos, em 1834, e ele aos onze, desde 1827. Joana e
Marcelo transformaram escravidão, liberdade, amor, sonhos e recordações em
projetos familiares reconhecidos pela igreja, logo depois de conquistarem a
alforria e juntarem mais recursos. Na época do casamento em 1870 eles já tinham
uma filha, Laura, que nasceu em 1839. Laura foi alforriada quando tinha 39
anos, pagando um conto e cem mil réis. Demorou e não foi barato: na época, aquele
valor significava o equivalente a cerca de cinquenta bois. As uniões conjugais
reconhecidas pela igreja e a liberdade de parentes podiam ser considerados
projetos africanos, mas não eram estratégias fáceis, tampouco caminhos
garantidos. No entanto, foram trilhados por muitos ancestrais e parentes
africanos.
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