28.6.21

Manuel Padeiro e Negro Lucas

Manuel Padeiro e Negro Lucas - Rio Grande do Sul - Século XIX

No Rio Grande do Sul do século XIX existiram vários quilombos e mocambos estabelecidos, tanto nas proximidades de Porto Alegre quanto nas áreas do litoral e regiões de fronteira com o Uruguai e Argentina. Antigas áreas produtoras de couro, carne e trigo tinham cativos africanos.

Nas regiões charqueadoras de Pelotas e Rio Grande surgiram dois quilombos na década de 1830, mais conhecidos pelos nomes de seus líderes: Manuel Padeiro e Negro Lucas. Em 1833, foi atacado e considerado destruído o quilombo comandado por um preto de nome Lucas, em Rio Grande. Lucas pode ter sido um dos escravizados entre os milhares que desembarcaram em Porto Alegre e outros portos do Brasil meridional no primeiro quartel do século 19. Constava que tal mocambo era bem antigo e localizado no embreado do mato da Ilha dos Marinheiros próximo à cidade do Rio Grande. Viviam ali tanto escravizados como libertos refugiados que mantinham contatos mercantis. Com uma base camponesa articulada com os cativos nas charqueadas, os quilombolas transitavam também nas regiões vizinhas. Nessa onda de repressão, depois de uma emboscada, Lucas foi assassinado.

Na mesma década, nas proximidades da Serra dos Tapes, nos arredores de Pelotas foi constituído o quilombo de Manuel Padeiro, entre 1831 e 1832. Pouco se sabe sobre a vida de Manuel Padeiro. Há registros de que costumava ser chamado de general sugerindo habilidades militares. Eles estabeleceram conexões dos Quilombolas com taberneiros, roceiros e sitiantes locais, muitos dos quais africanos libertos.

Nas tentativas de capturar Manoel Padeiro, o africano Simão Vergara acabou preso, processado e julgado. Simão mantinha contatos com quilombolas libertos e cativos assenzalados. Ele foi condenado a 15 anos de prisão. Manoel Padeiro, porém, conseguiu escapar e desapareceu. Houve quem dissesse que foi parar no Uruguai, atravessando a fronteira; outros, garantiram que suas habilidades militares foram aproveitadas na Guerra dos Farrapos, com ele alistado clandestinamente em tropas de lanceiros negros. Manoel Padeiro virou uma entidade naquelas matas e até hoje ele é cantado nos terreiros de Pelotas e adjacências.

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