Manuel Padeiro e Negro Lucas - Rio Grande do Sul - Século XIX
No
Rio Grande do Sul do século XIX existiram vários quilombos e mocambos
estabelecidos, tanto nas proximidades de Porto Alegre quanto nas áreas do
litoral e regiões de fronteira com o Uruguai e Argentina. Antigas áreas
produtoras de couro, carne e trigo tinham cativos africanos.
Nas
regiões charqueadoras de Pelotas e Rio Grande surgiram dois quilombos na década
de 1830, mais conhecidos pelos nomes de seus líderes: Manuel Padeiro e Negro
Lucas. Em 1833, foi atacado e considerado destruído o quilombo comandado por um
preto de nome Lucas, em Rio Grande. Lucas pode ter sido um dos escravizados
entre os milhares que desembarcaram em Porto Alegre e outros portos do Brasil
meridional no primeiro quartel do século 19. Constava que tal mocambo era bem
antigo e localizado no embreado do mato da Ilha dos Marinheiros próximo à
cidade do Rio Grande. Viviam ali tanto escravizados como libertos refugiados
que mantinham contatos mercantis. Com uma base camponesa articulada com os
cativos nas charqueadas, os quilombolas transitavam também nas regiões
vizinhas. Nessa onda de repressão, depois de uma emboscada, Lucas foi
assassinado.
Na
mesma década, nas proximidades da Serra dos Tapes, nos arredores de Pelotas foi
constituído o quilombo de Manuel Padeiro, entre 1831 e 1832. Pouco se sabe
sobre a vida de Manuel Padeiro. Há registros de que costumava ser chamado de
general sugerindo habilidades militares. Eles estabeleceram conexões dos
Quilombolas com taberneiros, roceiros e sitiantes locais, muitos dos quais
africanos libertos.
Nas
tentativas de capturar Manoel Padeiro, o africano Simão Vergara acabou preso,
processado e julgado. Simão mantinha contatos com quilombolas libertos e
cativos assenzalados. Ele foi condenado a 15 anos de prisão. Manoel Padeiro,
porém, conseguiu escapar e desapareceu. Houve quem dissesse que foi parar no
Uruguai, atravessando a fronteira; outros, garantiram que suas habilidades militares
foram aproveitadas na Guerra dos Farrapos, com ele alistado clandestinamente em
tropas de lanceiros negros. Manoel Padeiro virou uma entidade naquelas matas e
até hoje ele é cantado nos terreiros de Pelotas e adjacências.
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