28.6.21

Felipa Aranha

Felipa Maria Aranha - Pará - Século XVIII

Na segunda metade do século XVIII, Felipa Maria Aranha organizou um quilombo constituído por mais de 300 escravizados fugidos que se autossustentaram por muitos anos, sem que fossem ameaçados pelas forças legais. Situado nas cabeceiras do igarapé Itapocu, um braço do Rio Tocantins, onde agora existe o município de Cametá, no Pará, chamava-se quilombo do Mola ou Itapocu.

Felipa era provavelmente originária da Costa da Mina. Com cerca de 10 a 20 anos, foi capturada e vendida como escrava, levada para Belém. Em seguida, a enviaram para trabalhar numa plantação de cana-de-açúcar na comunidade de Cametá. Não suportando os maus tratos, ela fugiu junto com outros escravizados, em 1750 e criou o quilombo do Mola, que chefiava. Esse era um quilombo que apresentava um alto grau de organização política, social e militar. Quando começaram a sofrer com a repressão colonial, foi graças à liderança militar de Felipa que conseguiram expulsar as forças portuguesas e os vários ataques de capitães-do-mato. Dona de grande capacidade de articulação política, ela estruturou uma entidade composta de cinco quilombos: Mola, Laguinho, Tomásia, Boa Esperança e Porto Alegre, a chamada Confederação do Itapocu. A entidade empreendeu severas derrotas às forças escravagistas e, diferentemente do exemplo de Palmares, só cessou sua luta no momento em que Portugal ofereceu o perdão político e declarou os quilombolas súditos da Coroa.

Felipa Aranha morreu em 1780. A resistência e o protagonismo das mulheres negras são históricos e tem suas raízes fincadas na tradição e na cultura de suas ancestrais africanas, através de artifícios, improvisações e muita astúcia, elas reinventavam o seu cotidiano, conseguindo assim melhores condições para si e para os seus. As terras do Quilombo de Felipa Maria Aranha só receberam reconhecimento legal recentemente, em 2013.

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