Felipa Maria Aranha - Pará - Século XVIII
Na
segunda metade do século XVIII, Felipa Maria Aranha organizou um quilombo
constituído por mais de 300 escravizados fugidos que se autossustentaram por
muitos anos, sem que fossem ameaçados pelas forças legais. Situado nas
cabeceiras do igarapé Itapocu, um braço do Rio Tocantins, onde agora existe o
município de Cametá, no Pará, chamava-se quilombo do Mola ou Itapocu.
Felipa
era provavelmente originária da Costa da Mina. Com cerca de 10 a 20 anos, foi
capturada e vendida como escrava, levada para Belém. Em seguida, a enviaram
para trabalhar numa plantação de cana-de-açúcar na comunidade de Cametá. Não
suportando os maus tratos, ela fugiu junto com outros escravizados, em 1750 e
criou o quilombo do Mola, que chefiava. Esse era um quilombo que apresentava um
alto grau de organização política, social e militar. Quando começaram a sofrer
com a repressão colonial, foi graças à liderança militar de Felipa que
conseguiram expulsar as forças portuguesas e os vários ataques de
capitães-do-mato. Dona de grande capacidade de articulação política, ela
estruturou uma entidade composta de cinco quilombos: Mola, Laguinho, Tomásia,
Boa Esperança e Porto Alegre, a chamada Confederação do Itapocu. A entidade
empreendeu severas derrotas às forças escravagistas e, diferentemente do
exemplo de Palmares, só cessou sua luta no momento em que Portugal ofereceu o
perdão político e declarou os quilombolas súditos da Coroa.
Felipa
Aranha morreu em 1780. A resistência e o protagonismo das mulheres negras são
históricos e tem suas raízes fincadas na tradição e na cultura de suas
ancestrais africanas, através de artifícios, improvisações e muita astúcia,
elas reinventavam o seu cotidiano, conseguindo assim melhores condições para si
e para os seus. As terras do Quilombo de Felipa Maria Aranha só receberam
reconhecimento legal recentemente, em 2013.
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