Maria Rita - Rio Grande do Sul - século XIX
Maria
Rita, uma africana nagô, pode ter chegado a Porto Alegre - via Salvador - em
meados da década de 1830. Ali ela atuaria como quitandeira, sendo cativa de
outra africana ocidental, a liberta Felisberta, que há de ter chegado à cidade
10 a 15 anos antes. Também quitandeira, Felisberta fora alforriada em 1840, e
em 1847 adquiriu Maria Rita por 650 mil réis. Essa não seria uma prática pouco
usual em diversos cenários escravistas urbanos: libertos africanos compravam
escravizados africanos colocando muitos desses cativos para atuar com eles no
mercado de serviços, especialmente como quitandeiras e comerciantes. Ainda como
escravizada, Maria Rita conheceu o africano liberto Antônio José Feliciano que
chegou a Porto Alegre no ano de 1846. Os dois eram africanos ocidentais, e em
1849 tiveram um filho de nome Sabino. Em 1850, Felisberta migrou para Salvador,
levando consigo seus escravizados. Maria Rita continuaria a atuar como
quitandeira, e pode ter adquirido a liberdade em meados da década de 1860.
Vamos localizá-la novamente mais de 30 anos depois por causa de uma carta que
redigiu para o seu filho Sabino em 1892. Sabino, que assinava como Sabino
Antônio Feliciano, trabalhava como aprendiz de pedreiro em Salvador e só
conseguiu a liberdade aos 15 anos contando com ajuda do pai que ele mandou um
conto e duzentos mil réis para a sua alforria. Sabino teria voltado para Porto
Alegre a fim de viver perto do pai e dos meios-irmãos. Na missiva sua mãe
tratava da possibilidade de mudar-se para o sul. A africana que então devia ter
entre 70 e 75 anos, o tratava por “meu querido filho” e pedia que lhe enviasse
300 ou 400 mil réis, quem sabe para que voltasse a Porto Alegre onde pretendia
viver seus últimos anos, mas Sabino faleceu repentinamente.
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