28.6.21

Rosa

Rosa - Rio Grande do Sul - Século XIX

Numa madrugada fria de 1870, Rosa atravessaria a fronteira do Uruguai, fugindo de uma fazenda criatório de gado localizada na margem direita do Imba, junto a Uruguaiana. Fazia parte de seu plano um projeto familiar. Nascida no Brasil e com 39 anos, Rosa fugiu acompanhada dos filhos Eugênio, Francisco, Fláubio, Domingos e “um ainda de peito”. Não teve, porém, total sucesso em sua empreitada, sendo capturada. Mas o que parecia uma escapada individual era parte de um movimento mais amplo que levou muitos escravizados a fugir de diversas áreas do Rio Grande do Sul e alcançar o Uruguai e a Argentina.

Migrações transnacionais nas fronteiras meridionais eram um expediente antigo, remontando ao período colonial. As zonas de fronteira eram conhecidos territórios de contrabando, de fugas e esconderijo de desertores militares ou criminosos. Evasões desse tipo conheceram novos capítulos com a Guerra dos Farrapos, quando escravizados avaliaram melhores oportunidades ante os muitos conflitos armados.

A passagem para o Uruguai não era uma garantia de liberdade pois lá também vigorava o regime escravocrata. Contudo, entre 1842 e 1846, a situação se alterou diante das leis abolicionistas daquele país: os filhos de escravizadas eram considerados livres, com o fim da escravidão no Uruguai, e depois, em 1853, na Argentina. Assim, fugas naquelas fronteiras podiam ser encaradas como perda de escravos por parte de estancieiros brasileiros, mas igualmente como ação apoiada por argentinos e uruguaios que temiam o expansionismo escravista brasileiro na região.

Os escravizados também tinham suas estratégias e assim pode ser entendida a atitude de Rosa. Ela procurava assegurar não só sua liberdade, como a de seus cinco filhos.

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