Rosa - Rio Grande do Sul - Século XIX
Numa
madrugada fria de 1870, Rosa atravessaria a fronteira do Uruguai, fugindo de
uma fazenda criatório de gado localizada na margem direita do Imba, junto a
Uruguaiana. Fazia parte de seu plano um projeto familiar. Nascida no Brasil e
com 39 anos, Rosa fugiu acompanhada dos filhos Eugênio, Francisco, Fláubio,
Domingos e “um ainda de peito”. Não teve, porém, total sucesso em sua
empreitada, sendo capturada. Mas o que parecia uma escapada individual era
parte de um movimento mais amplo que levou muitos escravizados a fugir de
diversas áreas do Rio Grande do Sul e alcançar o Uruguai e a Argentina.
Migrações
transnacionais nas fronteiras meridionais eram um expediente antigo, remontando
ao período colonial. As zonas de fronteira eram conhecidos territórios de
contrabando, de fugas e esconderijo de desertores militares ou criminosos.
Evasões desse tipo conheceram novos capítulos com a Guerra dos Farrapos, quando
escravizados avaliaram melhores oportunidades ante os muitos conflitos armados.
A
passagem para o Uruguai não era uma garantia de liberdade pois lá também
vigorava o regime escravocrata. Contudo, entre 1842 e 1846, a situação se
alterou diante das leis abolicionistas daquele país: os filhos de escravizadas
eram considerados livres, com o fim da escravidão no Uruguai, e depois, em
1853, na Argentina. Assim, fugas naquelas fronteiras podiam ser encaradas como
perda de escravos por parte de estancieiros brasileiros, mas igualmente como
ação apoiada por argentinos e uruguaios que temiam o expansionismo escravista
brasileiro na região.
Os
escravizados também tinham suas estratégias e assim pode ser entendida a
atitude de Rosa. Ela procurava assegurar não só sua liberdade, como a de seus
cinco filhos.
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