Peregrina e Rosa - Minas Gerais - Século XIX
Peregrina
vivia em Sabará, Minas Gerais. Era escravizada do Brigadeiro Jacinto Pinto
Ferreira e da esposa dele, Maria do Carmo Pinto Teixeira, que costumava ter
reações iradas de ciúme toda vez que seu marido se engraçava com uma cativa.
Conta-se que a sinhá Maria do Carmo comprara Rosa, que, segundo se dizia, tinha
lindos dentes e um belo sorriso. Rosa foi vítima da má sorte ao chamar a
atenção do patrão. Bastou então que Jacinto saísse em viagem para Maria do
Carmo executar sua vingança, mandando os capangas arrancarem os dentes de Rosa,
que, no retorno do marido, foram entregues a ele numa bandeja.
Não
sabemos se é uma lenda ou uma história real, uma vez que muitas narrativas
desse tipo que falam de senhoras enciumadas e senhores admoestando suas
escravizadas se multiplicam com algumas variações na literatura. Sendo o caso
verdadeiro ou não, o fato é que Maria do Carmo acabou sendo punida por conta da
atitude recorrente da senhora. Peregrina arquitetou um plano para assassiná-la.
O Estopim foram os maus tratos infligidos pela sinhá, que mandou prender outra
escravizada da fazenda, Quitéria no tronco e a castigou com chicotadas.
Devolveu
a violência com grandes doses da mesma linguagem. O crime ocorreu no dia 5 de
junho de 1856 na residência do casal, quando, a golpes de machado e de mão de
pilão, diversas escravizadas deram fim à vida da patroa.
Das
envolvidas no crime, Peregrina e Rosa foram condenadas à morte. A execução de
Rosa, que segundo a população local era inocente, gerou uma espécie de lenda em
Sabará. Dizia-se que em certas ocasiões era possível ouvir os gemidos e
protestos de inocência vindos do local da forca, onde as duas haviam sido
enforcadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário