Germana - Bahia - Século XIX.
Germana
nasceu em 1819, em Salvador, e era casada com Manuel Pinto de Oliveira - um escravizado forro. Depois de trabalharem
por alguns anos conseguiram reunir 180 mil réis para comprar a liberdade de
Germana.
No
entanto, em 1879, quando já contava com 60 anos - idade considerada avançada
para época, devido à alta mortalidade, sobretudo da população escravizada -
Germana entrou com uma ação na justiça dando queixa do rigoroso cativeiro que
sofria com o senhor, que lhe negava a alforria, a despeito de ter recebido o
dinheiro necessário para compra da liberdade. Ela pedia que fosse depositada a
quantia, “visto que seu senhor não tem querido prestar-se a um acordo razoável
sobre o justo valor da suplicante”. Na justiça, Germana argumentava que já estava
muito idosa, que continuava sofrendo castigos físicos, que merecia a alforria,
mas que seu senhor não lhe dava ouvidos e continuava a desconhecer sua condição
física. "Sem atenção a avançada idade da suplicante, seus achaques físicos
e crônicos, adquiridos na constância do trabalho, de ter a suplicante produzido
quinze crias, uma das quais liberta, na idade de seis meses, pela fabulosa
quantia de 500 mil réis, e ser a suplicante casada e viver separada do seu
marido homem livre também idoso e achacado de moléstias".
Durante o julgamento o valor de Germana foi sendo reduzido. Seu senhor avaliou-a inicialmente em 250 mil réis, mas no final da ação seu preço ficou 30 mil réis abaixo do original. Germana requereu, então, a devolução da diferença da quantia depositada por ela. Aí está mais um caso que revela como, mesmo com idade avançada, escravizadas se negavam a se manter no cativeiro e lutavam para passar seus últimos dias ao lado da sua família. Não sabemos que tipo de tarefa Germana executava, mas ela entendia o preço que a liberdade podia ter.
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