Joaquina - Amazonas - século XIX
Joaquina
nasceu no Grão-Pará nos anos 1830, nos tempos da Cabanagem. Ainda pequena,
Joaquina ganhou a vida como cozinheira, lavadeira, engomadeira, vendedora e
circulou pelas ruas e igarapés. Acompanhou a criação da província do Amazonas,
em 1852, bem como as alterações urbanas de Manaus.
Nessa
época era escravizada de Antônio Lopes Braga, membro de uma família de
comerciantes e militares com uma carreira pública bem-sucedida na política
local. Manaus nessa época se caracterizava por ter uma grande população
escravizada concentrada no núcleo urbano. E foi nesse contexto que Joaquina
conheceu o índio José Maria, natural de Tefé e comerciante estabelecido na vila
de Itacoatiara. No dia 21 de outubro de 1855, às 8 horas da noite, eles fugiram
juntos. Em poucos minutos, já estavam às margens de um pequeno braço do Igarapé
do Espírito Santo.
Antônio
Braga publicou anúncio da fuga de sua cativa quase uma semana após o ocorrido.
Esse intervalo foi suficiente para que o senhor juntasse informações exatas da
hora dos trajes e do nome do “sedutor” da moça. O capitão publicou o anúncio
também em Belém, e solicitou aqueles que achassem sua escrava “preta crioula,
gorda e bem parecida e muito faladeira” que a entregasse a seu parente Luiz
Antônio Lopes Braga. Mas esse não era um caso isolado: entre 1854 e 1858 houve
89 fugas na região.
Quase
um ano depois, Joaquina reapareceu. Carregava consigo, em moeda corrente do
império, a quantia de um Conto de réis e foi logo procurar pelo seu senhor.
Joaquina voltara para comprar sua carta de liberdade. Braga hesitou: declarou
ser a quantia insuficiente, mas por fim cedeu. Antônio Lopes Braga afirmou que
assinava sem constrangimento algum, menos pela quantia que recebeu de Joaquina
e mais “por ser este um ato de beneficência e em atenção aos serviços que me
prestou durante o tempo de servidão, em vista dos quais lhe dou a plena
liberdade”.
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