28.6.21

Joaquina

Joaquina - Amazonas - século XIX

Joaquina nasceu no Grão-Pará nos anos 1830, nos tempos da Cabanagem. Ainda pequena, Joaquina ganhou a vida como cozinheira, lavadeira, engomadeira, vendedora e circulou pelas ruas e igarapés. Acompanhou a criação da província do Amazonas, em 1852, bem como as alterações urbanas de Manaus.

Nessa época era escravizada de Antônio Lopes Braga, membro de uma família de comerciantes e militares com uma carreira pública bem-sucedida na política local. Manaus nessa época se caracterizava por ter uma grande população escravizada concentrada no núcleo urbano. E foi nesse contexto que Joaquina conheceu o índio José Maria, natural de Tefé e comerciante estabelecido na vila de Itacoatiara. No dia 21 de outubro de 1855, às 8 horas da noite, eles fugiram juntos. Em poucos minutos, já estavam às margens de um pequeno braço do Igarapé do Espírito Santo.

Antônio Braga publicou anúncio da fuga de sua cativa quase uma semana após o ocorrido. Esse intervalo foi suficiente para que o senhor juntasse informações exatas da hora dos trajes e do nome do “sedutor” da moça. O capitão publicou o anúncio também em Belém, e solicitou aqueles que achassem sua escrava “preta crioula, gorda e bem parecida e muito faladeira” que a entregasse a seu parente Luiz Antônio Lopes Braga. Mas esse não era um caso isolado: entre 1854 e 1858 houve 89 fugas na região.

Quase um ano depois, Joaquina reapareceu. Carregava consigo, em moeda corrente do império, a quantia de um Conto de réis e foi logo procurar pelo seu senhor. Joaquina voltara para comprar sua carta de liberdade. Braga hesitou: declarou ser a quantia insuficiente, mas por fim cedeu. Antônio Lopes Braga afirmou que assinava sem constrangimento algum, menos pela quantia que recebeu de Joaquina e mais “por ser este um ato de beneficência e em atenção aos serviços que me prestou durante o tempo de servidão, em vista dos quais lhe dou a plena liberdade”.

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