Tia Ana - Ceará - Século XIX
Ana,
mais conhecida como Tia Ana, cujo nome completo e data de nascimento e morte
ignoramos, liderou em 1835 uma revolta de escravizados na fazenda do português
Francisco Antônio de Carvalho, apelidado de Marinheiro Chico. A propriedade
ficava no interior do Ceará. Em razão do declínio das plantações de
cana-de-açúcar e da consequente migração de mão de obra escravizada para as
áreas cafeicultoras do Sudeste, a região vivia um momento de recessão. Por isso
mesmo, o tratamento reservado aos cativos piorou, com os senhores buscando
aproveitar ao máximo a sua mão de obra. O resultado foi o aumento da violência
da parte tanto dos Senhores quanto dos escravizados.
Francisco
de Carvalho criava gado e tinha plantações para sua subsistência. Armou-se,
então, uma revolta dos escravizados da fazenda, que pretendia acabar com o
tratamento indigno dado aos trabalhadores do campo. O estopim foram os castigos
impostos a uma escravizada idosa e muito benquista.
Numa
noite em que os capatazes dormiam no alpendre, os escravizados tomaram de
assalto a residência: assassinaram todos os que estavam em seu interior e
atearam fogo à casa grande. Alguns revoltosos fugiram em direção à Pernambuco,
levando consigo os bens de valor que encontraram na casa, enquanto o grupo de
tia Ana tratou de libertar Jerônimo Cabaceira, desafeto de Francisco de
Carvalho, da cadeia. Francisco de Carvalho, assim que soube do ocorrido,
retornou a sua fazenda. Foi, porém, acossado por Jerônimo Cabaceira e, perdendo
o controle da situação, acabou por enforcar-se numa mangueira de sua
propriedade. Essa não foi, com certeza, a maior rebelião escrava, nem um caso
isolado. Mas mostra o protagonismo de mulheres na liderança de movimentos de
coletivos de insurreição.
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