28.6.21

Tia Ana

Tia Ana - Ceará - Século XIX

Ana, mais conhecida como Tia Ana, cujo nome completo e data de nascimento e morte ignoramos, liderou em 1835 uma revolta de escravizados na fazenda do português Francisco Antônio de Carvalho, apelidado de Marinheiro Chico. A propriedade ficava no interior do Ceará. Em razão do declínio das plantações de cana-de-açúcar e da consequente migração de mão de obra escravizada para as áreas cafeicultoras do Sudeste, a região vivia um momento de recessão. Por isso mesmo, o tratamento reservado aos cativos piorou, com os senhores buscando aproveitar ao máximo a sua mão de obra. O resultado foi o aumento da violência da parte tanto dos Senhores quanto dos escravizados.

Francisco de Carvalho criava gado e tinha plantações para sua subsistência. Armou-se, então, uma revolta dos escravizados da fazenda, que pretendia acabar com o tratamento indigno dado aos trabalhadores do campo. O estopim foram os castigos impostos a uma escravizada idosa e muito benquista.

Numa noite em que os capatazes dormiam no alpendre, os escravizados tomaram de assalto a residência: assassinaram todos os que estavam em seu interior e atearam fogo à casa grande. Alguns revoltosos fugiram em direção à Pernambuco, levando consigo os bens de valor que encontraram na casa, enquanto o grupo de tia Ana tratou de libertar Jerônimo Cabaceira, desafeto de Francisco de Carvalho, da cadeia. Francisco de Carvalho, assim que soube do ocorrido, retornou a sua fazenda. Foi, porém, acossado por Jerônimo Cabaceira e, perdendo o controle da situação, acabou por enforcar-se numa mangueira de sua propriedade. Essa não foi, com certeza, a maior rebelião escrava, nem um caso isolado. Mas mostra o protagonismo de mulheres na liderança de movimentos de coletivos de insurreição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário