28.6.21

Felício de Arruda Botelho

Felício de Arruda Botelho - São Paulo - Século XIX

Tudo indica que Felício era filho de africanos e que nasceu como escravizado em 1847, provavelmente em Piracicaba. Já em 1852 trabalhava. Era propriedade de Francisca Teodora de Arruda Botelho, primeira esposa do Conde do Pinhal, e a quem Felício considerava uma “mãe”.

Assim que pode trabalhar foi enviado para a fazenda de propriedade do casal, testemunhando a chegada do café, que ocupou todas as partes da economia, da terra e da mão de obra no Oeste paulista. Ainda bem jovem, Felício presenciou uma mudança demográfica com impacto cultural e étnico ainda pouco estudado: o Oeste paulista abarrotado de cativos africanos chegados do tráfico ilegal até 1850, mais cativos nascidos no Brasil e outros tantos escravizados trazidos via tráfico interprovincial das províncias do Norte.

Consta que Felício se casou no ano de 1862 com Joaquina. Ele não só se casou bem jovem como ganhou mais responsabilidade na fazenda ao ser escolhido como feitor. Lembrava-se de ter implorado ao conde, e mesmo chorado, pois "não queria ser ser feitor, mas ele disse que escravo faz o que a senhoria manda". Provavelmente sabia das dificuldades que teria para comandar cativos não só mais velhos como de diferentes origens, muitos recém-chegados. Deveria manter a disciplina e até mesmo castigar a alguns. Como um dos cativos mais antigos da fazenda, aquele que ajudou a montar a base inicial da plantação, nascido no Brasil, ele foi escolhido como o escravizado ideal para ensinar, manter a disciplina e controlar os demais. Acredita-se que Felício era considerado um escravo de confiança, grande e fiel amigo do Conde do Pinhal, por quem nutria verdadeira estima e veneração.

Ele conquistou a alforria, mas permaneceu atuando nas fazendas do Conde do Pinhal. Ali tinha sua família, parentes e reconhecimento senhorial. No pós-abolição ele se decepcionou com os herdeiros do Conde, a quem acusou de ingratidão. Felício ganhou um pedacinho de terra em Jaú, onde viveu até seu falecimento em 1920.

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