Felício de Arruda Botelho - São Paulo - Século XIX
Tudo
indica que Felício era filho de africanos e que nasceu como escravizado em
1847, provavelmente em Piracicaba. Já em 1852 trabalhava. Era propriedade de
Francisca Teodora de Arruda Botelho, primeira esposa do Conde do Pinhal, e a
quem Felício considerava uma “mãe”.
Assim
que pode trabalhar foi enviado para a fazenda de propriedade do casal,
testemunhando a chegada do café, que ocupou todas as partes da economia, da
terra e da mão de obra no Oeste paulista. Ainda bem jovem, Felício presenciou
uma mudança demográfica com impacto cultural e étnico ainda pouco estudado: o
Oeste paulista abarrotado de cativos africanos chegados do tráfico ilegal até
1850, mais cativos nascidos no Brasil e outros tantos escravizados trazidos via
tráfico interprovincial das províncias do Norte.
Consta
que Felício se casou no ano de 1862 com Joaquina. Ele não só se casou bem jovem
como ganhou mais responsabilidade na fazenda ao ser escolhido como feitor.
Lembrava-se de ter implorado ao conde, e mesmo chorado, pois "não queria
ser ser feitor, mas ele disse que escravo faz o que a senhoria manda".
Provavelmente sabia das dificuldades que teria para comandar cativos não só
mais velhos como de diferentes origens, muitos recém-chegados. Deveria manter a
disciplina e até mesmo castigar a alguns. Como um dos cativos mais antigos da
fazenda, aquele que ajudou a montar a base inicial da plantação, nascido no
Brasil, ele foi escolhido como o escravizado ideal para ensinar, manter a
disciplina e controlar os demais. Acredita-se que Felício era considerado um
escravo de confiança, grande e fiel amigo do Conde do Pinhal, por quem nutria
verdadeira estima e veneração.
Ele
conquistou a alforria, mas permaneceu atuando nas fazendas do Conde do Pinhal.
Ali tinha sua família, parentes e reconhecimento senhorial. No pós-abolição ele
se decepcionou com os herdeiros do Conde, a quem acusou de ingratidão. Felício
ganhou um pedacinho de terra em Jaú, onde viveu até seu falecimento em 1920.
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